No final Manolo consegue ver um sentido para o sofrimento; o que é que produz nele essa mudança? Que sentido tem realmente o sofrimento, pelo menos para ele?

Roland Joffé, realizador e guionista do filme, numa entrevista à revista ‘Mundo Cristiano’, explica a diferente atitude dos dois protagonistas diante do sofrimento pela educação que tinham recebido

Roland Joffé, realizador e guionista do filme, numa entrevista à revista Mundo Cristiano, explica a diferente atitude dos dois protagonistas diante do sofrimento pela educação que tinham recebido:

“Julgo que, se falamos de amor, é muito importante rodear as crianças de um amor que os leve a ver a realidade da vida, que não se deixe para o momento da morte, que não se procure falsear a vida, de tal modo que não detectem os perigos… Converter tudo num mar de rosas é perigoso. Os pais de São Josemaria ajudaram-no a enfrentar a crueldade da morte e do sofrimento com amor; não lhe ralharam quando se irritou com a morte da irmã, deram-lhe carinho. Pelo contrário, a Manolo não lhe deram isso e nem sequer lhe deram pistas sobre como enfrentar-se com as dificuldades que encontrará na vida. Quer queiramos quer não, parte da vida é dolorosa, por isso, se só ensinarmos aos nossos filhos a evitar o sofrimento, não os estamos a debilitar como pessoas? Não lhes estamos a ensinar a evitar a vida? Se lhes ensinarmos a enfrentarem o sofrimento, a saber com que armas têm de ser fortes, isso ajudá-los-á a atravessar o túnel. O amor é a resposta.”

Neste sentido, poderá pensar-se que é a preocupação pelo bem do filho, Roberto, que faz com que Manolo mude de atitude. Até então, nele só tinha visto um sinal dos sofrimentos de toda a sua vida. Quando lhe pede que o perdoe, converte-se realmente em pai e entende que o seu sofrimento não foi absurdo porque a existência de Roberto é um bem.