O carinho pelo sucessor de Pedro, a oração por ele e o desejo seguir e difundir as suas palavras foram uma constante na vida de Encarnita Ortega. Há uma feliz coincidência entre uma carta sua e uma ideia que o Papa Francisco costuma dizer aos jovens: “Queridos jovens, não viemos a este mundo para "vegetar", para viver confortavelmente, para fazer da vida um "sofá" que nos embala até o sono; pelo contrário, viemos para fazer outra coisa, para deixar uma marca”.
Maria Luisa Moreno de Vega conta que, depois de uma operação nos olhos, ela trocou umas cartas com Encarnita. “Em uma delas, há uma frase que nunca esqueci”, lembrava em um testemunho escrito alguns meses após a sua morte. “Quando eu conseguia me levantar, tinha que passar muito tempo sentada. Contei a Encarnita sobre isso em uma carta e, em uma de suas respostas, ela me disse: "Espero que você não se torne uma alma de poltrona". Essa frase é muito significativa, porque é verdade que, depois de uma convalescença não muito agradável, a probabilidade de perdermos a fortaleza é alta”.
Encarnita acompanhava de perto os encontros dos jovens com o Papa na JMJ e em outras viagens. Maite del Riego, autora da sua biografia, lembra que, ao voltar de uma viagem a Roma, foi contar as suas impressões a um grupo de pessoas e Encarnita aconselhou: “Comece com o Papa, é isso que estão esperando!”
Em 15 de fevereiro de 1992, a própria Encarnita contava a um grupo de estudantes da Universidade de Navarra, na Residência Goroabe, sobre os grandes amores que São Josemaria considerava centrais: “Cristo, Maria e o Papa”. Encarnita tinha isso no fundo de sua alma e viveu desta forma durante os pontificados que se sucederam ao longo da sua vida. Esses amores são um sinal da identidade da fé católica universal.
Um dia inesquecível
Um momento importante em sua vida aconteceu em 15 de junho de 1993. São João Paulo II consagrou a Catedral de Almudena, em Madri, e Encarnita obteve de uma amiga uma entrada especial para receber a Sagrada Comunhão das mãos do Santo Padre. Quando enviou a documentação necessária para entrar na catedral, ela escreveu: “Com imensa gratidão, aqui está minha foto e uma cópia da minha carteira de identidade. É uma grande alegria poder ver o Santo Padre e receber a comunhão de suas mãos. Que maravilha! Mais uma vez, obrigada”. Depois contava sobre a emoção com que acompanhou a cerimônia litúrgica. Guardava o terço abençoado pelo Papa que havia recebido naquele dia e colocou nele algumas medalhas de sua devoção.