A festa de São Josemaria na Letônia, em São Salvador e em Malta

Uma centena de pessoas participou na santa Missa celebrada na Catedral de Riga (Letônia) no passado dia 26 de Junho, por ocasião da festa litúrgica de São Josemaria. A celebração foi presidida pelo Cardeal J. Pujats, Arcebispo de Riga. O Padre Pablo Gil Noges, sacerdote da Prelatura do Opus Dei, pregou a homília em que desnvolveu alguns dos ensinamentos do Fundador do Opus Dei.

Catedral de Santiago em Riga (Letónia)

Uma centena de pessoas participou na santa Missa celebrada na Catedral de Riga (Letônia) no passado dia 26 de Junho, por ocasião da festa litúrgica de São Josemaria. A celebração foi presidida pelo Cardeal J. Pujats, Arcebispo de Riga. O Padre Pablo Gil Noges, sacerdote da Prelatura do Opus Dei, pregou a homília em que desenvolveu alguns dos ensinamentos do Fundador do Opus Dei. Oito sacerdotes concelebraram a santa Missa com o Cardeal.

Nas fotografias que ilustram o texto da homília que publicamos, podem ver-se imagens das Eucaristias celebradas em São Salvador e em Malta respectivamente.

Homília pronunciada na Catedral de Riga, a 26 de Junho de 2007

Tu és meu filho (Sal. 2, 7). Faz-te ao largo, e lançai as redes para pescar (Lc. 5,4). Na liturgia da Missa de hoje encontramos os dois aspectos característicos da vida da Igreja, de São Josemaria e do Opus Dei: a santidade e o apostolado. Somos filhos de Deus e, por vocação, apóstolos. E sucede que em São Josemaria encontramos um instrumento de Deus para tornar realidade estes aspectos na própria vida.

Não é fácil em poucas palavras referir o aspecto mais característico da vida de São Josemaria. Graças a Deus, temos à nossa disposição a ideia principal, que nos ajuda a encontrar resposta para esta questão.

Depois do falecimento de São Josemaria, o sucessor do fundador do Opus Dei tinha de escrever um resumo da sua vida e da sua missão, tinha de encontrar uma frase que fosse adequada para a sua sepultura. D. Álvaro del Portillo, sem duvidar, escreveu: EL PADRE (O Pai). Esta palavra, que exprime os mais altos sentimentos, encerra uma história de entrega e de amor, já que, na realidade, e sobretudo, para muitas pessoas, São Josemaria foi um pai.

Esta atitude paternal em relação a tantas pessoas tem a sua raiz na atitude paternal de Deus para connosco e demonstra-se tanto no calor de família como na devoção que cresceu em tantos corações, de modo a fazer parte já da piedade popular.

Por exemplo, há pouco lia um favor que um rapaz de dez anos pediu ao santo do cotidiano – tal como João Paulo II designou São Josemaria na canonização- Padre – dizia carinhosamente este rapaz - faz com que eu deixe de roer as unhas! Também lia outro favor mais sério, de alguém que pedia ao Fundador do Opus Dei para um seu amigo: Padre, que volte para casa e viva com a sua mulher! Depois, ao falar com o amigo sobre o problema, este decidiu ali mesmo telefonar à mulher, que imediatamente e sem restrições aceitou o pedido de perdão. Esta pessoa, tendo em conta o sucedido, anulou uma viagem de negócios, prevista de antemão, para poder partir com ela numa viagem de reconciliação.

A Missa em São Salvador celebrou-se a 26 de Junho

Por esta razão, o encontro com São Josemaria ou com os seus escritos mudou tantas vidas: ajudou, por exemplo, a uma autêntica conversão, à descoberta da oração, à prática da mortificação, à alegria da recepção frequente dos sacramentos da Penitência e da Eucaristia. Por isso, podemos considerar-nos seus filhos, mas, também, estar seguros de que sendo ele um bom pai não nos negará a sua intercessão para obtermos as graças necessárias, mesmo as maiores.

Tu és meu filho (Sal. 2,7). Por isso, esta experiência não nos permite ser pessimistas e, por exemplo, pensar que este mundo está condenado ao descalabro moral, no campo da cultura ou do trabalho, no comportamento das pessoas… Não esqueçamos nem a Palavra de Deus nem que há muitas pessoas que rezam, que há muitas pessoas que procuram a Deus.

Cada vez mais com mais frequência, São Josemaria é-nos apresentado como um dos instrumentos que a divina Providência escolheu para alimentar, orientar e tornar fecunda esta procura de Deus no mundo, assim como para levar o mundo a Deus. Tenhamos em conta o que lemos noCaminho, porque é verdade: estas crises mundiais são crises de santos (nº. 301).

Estas palavras são fortes, mas não são uma reflexão teórica, são de facto um vibrante apelo, pensado para a nossa consciência de cristãos. E nós temos de a escutar: temos de querer verdadeiramente ser santos. O Senhor quer-o. Queremo-lo nós também? É possível! Seria um erro – em que grande amargura cairíamos – se não escutássemos este chamamento!

Por isso, especialmente hoje, confiamos à sua intercessão a nossa luta pela santidade no meio do mundo. São Josemaria ensinou-nos a cultivar este ideal – o único verdadeiramente necessário -, nas ocupações que parecem vulgares, mas que escondem algo de divino. Essas ocupações constituem a coluna vertebral do nosso dia. Pensemos, por exemplo, em como nos comportamos em casa, em como ajudamos, no regresso do trabalho, qual é o nosso comportamento com os colegas de trabalho, no meio do trânsito, quando vamos de carro…

A santidade, dizia São Josemaria, não consiste em fazer coisas cada vez mais difíceis, mas em fazê-las cada vez com mais amor. Portanto, peçamos-lhe ajuda, para assimilar esta verdade, que constitui o cerne da sua mensagem espiritual. “Padre, faz-nos visível o rosto paternal de Deus, que espera um pouco mais de amor em cada um dos nossos gestos, ensina-nos a converter todo o nosso dia, numa conversa com Deus”.

Celebração em honra de São Josemaria em Malta

O Senhor escolheu o Fundador do Opus Dei como instrumento para reavivar em muitas almas a consciência de que todas as atividades correntes se podem santificar, converter em oração e ser ocasião de dar paz e alegria aos corações.

No Evangelho, que hoje foi proclamado, ouvimos as palavras de Jesus a Pedro. Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca (Lc. 5, 4). Escutando estas palavras, lancemos o olhar para as nossas ocupações habituais que muitas vezes nos levam a encerrar-nos em nós mesmos e a não olhar mais para além dos nossos problemas. Peçamos a São Josemaria que o Senhor reavive em nós a consciência da missão apostólica a que fomos chamados desde o batismo. Padre – podemos-lhe dizer -, ajuda-nos a olhar à nossa volta – na família, no ambiente profissional, entre os nossos conhecidos e amigos – e ver almas, que é preciso levar a Cristo. Padre, ajuda-nos a gritar interiormente o que tu nos ensinaste, Jesus, almas… Almas de apóstolo! São para Ti, para a Tua glória (Caminho, nº. 804).

Meditando na vida de Jesus, damo-nos conta de que o discípulo – todo o cristão - tem de se pôr à disposição do Senhor, para difundir a sua doutrina, como diz São Josemaria em Caminho: Lembra-te, meu filho, de que não és somente uma alma que se une a outras almas para fazer uma coisa boa. Isso é muito … mas é pouco – És o apóstolo que cumpre um mandato imperativo de Cristo (nº. 942).

Se nós, aceitando com a cabeça e com o coração as palavras do Evangelho e seguindo o exemplo de Pedro, em primeiro lugar com a nossa oração e com sacrifícios concretos, mas também com palavras que infundam esperança, e também com o próprio testemunho transparente, ajudássemos - por exemplo - uma pessoa a aproximar-se do sacramento da Penitência, teríamos dado um fruto maravilhoso pelo qual valeria a pena qualquer sacrifício da nossa parte.

Santidade e apostolado na Igreja, são estas as duas faces da moeda da nossa vida. São estes os traços essenciais da vida de um baptizado, da de São Josemaria, da do Opus Dei. Numa única vida, numa forte unidade. O peso desta moeda deve ser o amor a Jesus Cristo, e o seu brilho, o amor à nossa Mãe, a Virgem Maria, Rainha da Terra de Maria. Ámen.