Yuri, Sergei e a santidade no trabalho

Sergei tem 29 anos, é historiador, ortodoxo e cooperador do Opus Dei, que conheceu ao ler São Josemaria pela internet em sua cidade, Ryazan (Rússia). Yuri recebeu o batismo aos 55 anos, é físico e coopera ministrando palestras sobre ciência e religião no Centro da Obra de Moscou.

Sergei

Sergei: “Os livros de São Josemaria não foram escritos para todos , mas sim para cada um

O grandíssimo dom da vida, que nos dá o Senhor, é somente o início do caminho. E nesse caminho até o Reino de Deus, somos todos iguais, sem importar a família em que tenhamos nascido. Por isto é tão importante encontrar a resposta às perguntas que nos fazemos: “quem sou?”, “para que existo?”.

Um amigo meu um dia me contou: “quando terminei meus estudos na universidade, parecia que eu era alguém muito necessário na sociedade, que logo chegaria um carro luxuoso e o diretor geral de uma sólida companhia iria me saudar com um: Senhor fulaninho, estamos esperando-o em seu novo trabalho: seja bem vindo. Mas... passavam os dias e o ditoso carro não aparecia. Pelo contrário, foi necessário muito tempo para encontrar trabalho. E então, quando encontrei trabalho, aconteceu que não era de minha especialidade”.

Uma coisa similar aconteceu comigo. Depois de terminar meus estudos na faculdade de História, estive durante vários anos combinando o trabalho em minha tese de doutorado com alguns outros trabalhos que me dessem rendimentos isolados. Poucos meses antes da defesa da tese, descobri a fé cristã; desde então consegui dois trabalhos e posso dizer que, em geral, as coisas não foram mal.

De todo modo, me dava conta de que algo me estava faltando. Raras vezes encontrava satisfações morais em meu trabalho e pensava: “posso fazer coisas maiores e mais interessantes, mas isto, aos chefes, não lhes interessa”. Como esta contínua insatisfação não podia durar para sempre, comecei a procurar algo que me pudesse ajudar a encontrar uma saída neste impasse e encontrar-me a mim mesmo.

Certa ocasião, encontrei na Internet várias citações de livros de São Josemaria . Não se tratava mais que umas poucas linhas, mas chamavam a atenção, impulsionavam a atuar. Dava-me a impressão de que foram escritas justamente para mim: “Escrevia-me aquele rapagão: ‘O meu ideal é tão grande que só cabe no mar’. — Respondi-lhe: E o Sacrário, tão ‘pequeno’? E a oficina "vulgar" de Nazaré? — Na grandeza das coisas do dia-a-dia espera-nos Ele!” (Sulco, 486).

Há um certo efeito nos retratos: parece que a personagem aí representada olha precisamente para ti e, se mudas tua posição com respeito ao retrato, seus olhos também se movem contigo. Isto aconteceu comigo: os livros de São Josemaria não foram escritos para todos, mas sim para cada um.

Encontrar o sentido em qualquer atividade, na mais chata ou rotineira: poderia parecer que isto não é novidade, que esta verdade tem mil anos, mas quando lês: “Ante Deus, nenhuma ocupação é por si mesma grande nem pequena. Tudo adquire o valor do Amor com que se realiza.”, esta verdade converte-se em algo surpreendentemente atual.

Após mudar minha relação com o trabalho, começou a mudar também sua qualidade e, ao mesmo tempo, o modo de me exigir. Mas, o mais importante, é que mudou meu modo de entender o “para quê” de tudo o que faço. Tendo lido e aprofundado nos livros de São Josemaria, já é impossível fazer coisas marretadas ou fazer algo só para poder riscá-lo da lista de pendências, porque nosso trabalho é para o Senhor. Como diz Escrivá, “Não podemos oferecer ao Senhor algo que, dentro das pobres limitações humanas, não seja perfeito, sem defeito, efetuado atenciosamente também nos mínimos detalhes”.

Deste modo, São Josemaria ajudou-me a encontrar a mim mesmo e a encontrar o sentido de minhas atividades e fazer minhas obrigações com paz.

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Yuri: “O materialismo cristão é o aspecto mais atraente da mensagem de São Josemaria"

Sempre me impressionam as palavras de São Josemaria de que cada cristão tem que fazer seu trabalho com perfeição, já que somente um trabalho assim pode ser oferecido a Deus.

Yuri Simonov

O trabalho é um caminho de purificação e de santificação, é o que nos permite ser co-criadores com Deus. Um trabalho bem feito é fundamental, não somente para nosso desenvolvimento pessoal, mas também para a humanidade inteira, ajuda a unir os homens.

Na época soviética, meus colegas e eu tínhamos a intuição da relevância divina do trabalho humano, ainda que estivesse proibido falar de religião.

A chamada de São Josemaria à santidade por meio do trabalho é algo chave em nossa época. E é que, de um lado, o marxismo falava de uma sociedade comunista futura na qual quase já não haveria que se trabalhar, e de outro lado, as elites modernas falam de um mundo no qual tudo se resolve a golpe de especulações financeiras. Por isso, o materialismo cristão é o aspecto mais atraente da mensagem de São Josemaria.