O IIT é um projeto social na Nigéria, orientado ao ensino de habilidades técnicas e valores éticos a jovens que acabam de concluir o ensino médio e a trabalhadores mais velhos do setor menos privilegiado da sociedade.
Na Nigéria, um país com uma população estimada em 120 milhões de pessoas, a maioria dos habitantes vive abaixo do nível da pobreza. A taxa de desemprego no país chega a rondar os 60%. O IIT está aberto a pessoas de todas as tribos e religiões, e o seu objetivo é dar uma formação de qualidade para que todos cheguem a estar altamente qualificados.
Entrevista com Darlington Agholor Quem inspirou a idéia deste projeto?
Este projeto, como muitos outros de caráter social com características parecidas em todo o mundo, foi resultado do impulso do Bem-aventurado Josemaría Escrivá, fundador do Opus Dei. Ele estava muito interessado em ajudar aos menos privilegiados de nossa sociedade, melhorando as suas condições sociais para que pudessem obter os recursos necessários para viver uma vida mais digna. Aprendemos da sua profunda caridade cristã, que o fez ver em cada pessoa um filho de Deus. O Bem-aventurado Josemaría afirmou-o com clareza: «Ninguém é melhor do que os outros, ninguém! Somos iguais! Cada um de nós vale a mesma coisa, cada pessoa vale o sangue de Cristo!» Animou-nos, como o fez com os seus filhos em outros países, a começar o mais rápido possível, com outros cidadãos de boa vontade, uma escola técnica para fornecer os meios de capacitação profissional e oferecer uma sólida formação cristã a tantas pessoas quantas fosse possível neste grande país. Somos conscientes de estar levando a cabo o seu desejo. Em 27 de março de 2000, o IIT começou com os seus primeiros dez aprendizes. Um início pequeno para um sonho ambicioso!
Em 9 de janeiro de 2002, cumprir-se-ão cem anos do nascimento do Bem-aventurado Josemaría Escrivá. Esta escola é um presente de aniversário no centenário do seu nascimento, um monumento humilde que começamos em sua homenagem, que quer mostrar a gratidão por haver-nos deixado o espírito do Opus Dei - santidade através do trabalho cotidiano. O legado do Bem-aventurado Josemaría Escrivá não é mensurável: portanto, qualquer coisa que se faça como agradecimento sempre será pouco. Depositamos a nossa esperança em que a escola continuará durante muitos anos dando testemunho desta gratidão e da nossa devoção ao Bem-aventurado.
Que métodos de ensino se utilizam no IIT?
É utilizado o sistema de formação dual, já experimentado na Alemanha e, depois, nas Filipinas. É um sistema onde o aluno faz seu aprendizado em dois lugares, em absoluta sintonia: na escola e na fábrica. A escola proporciona uma educação básica e geral, incluindo aspectos culturais, sociais e doutrinais, enquanto a fábrica proporciona a experiência mais específica da profissão, possibilitando o trabalho em equipe.
A escola dispõe de três programas principais: um curso de eletromecânica, de três anos de duração, voltado para jovens entre os 18 e os 21 anos, que acabaram de concluir o ensino médio; um curso de dois anos de eletromecânica para profissionais; há também cursos de curta duração.
Os alunos são preparados para que sejam técnicos capazes de desenvolver múltiplas habilidades, em eletricidade, mecânica, eletrônica e automação. Com o tempo, o conteúdo dos cursos será ampliado.
Qual a situação da educação técnica na Nigéria?
A Nigéria nunca deu a prioridade devida à educação técnica, não a reconhecendo como o eixo principal da economia, coisa que recordaram recentemente porta-vozes do governo. Países como a Alemanha foram capazes de recuperar-se depois da segunda guerra mundial pela importância que foi dada à educação técnica. Durante muito tempo, as habilidades manuais foram desprezadas no nosso país, fazendo com que muitos nigerianos buscassem na educação universitária a única opção para conseguir uma educação dignificada. Com esta orientação a favor dos trabalhos menos manuais, até mesmo as poucas escolas e politécnicas iniciadas pelo governo não foram capazes de alterar esta desorientação de atitudes. O resultado continua sendo uma falta de formação e motivação dos alunos, que não ajuda a vencer o desemprego.
Quando as indústrias selecionam graduados das escolas técnicas, têm que formá-los de novo para melhorar as suas capacidades. Tendo em conta que estas indústrias não dispõem da capacidade de formar um grande número de alunos, a maioria dos graduados continua desempregada. Dispor e administrar as suas próprias escolas não é do interesse das companhias, porque constitui uma distração de seu foco de atividade primário. Falta o necessário compromisso e investimento. O IIT é, portanto, uma necessidade para o indivíduo e para a indústria.
Qual foi a reação da indústria local?
Desde o princípio, as companhias de âmbito local foram muito receptivas. Para nós, a mais importante até agora foi a «Carnaud Metal Box» (CMB), que nos aluga os edifícios.
Depois de várias reuniões, em 28 de maio de 1999 chegamos a um acordo com a direção da empresa para alugar a sua antiga escola de formação, situada dentro das instalações da sua fábrica, no Polígono Industrial de Ogba, Ikega. Além disso, para começar a nossa atividade forneceram-nos tornos mecânicos e outros equipamentos. Outras empresas também doaram máquinas para possibilitar a formação.
Quase diariamente, especialistas do mundo da indústria visitam o IIT para conhecê-lo pessoalmente, e todos manifestam grande esperança, entusiasmo e elogios.
