14. O Concílio Vaticano II

Em 25 de Janeiro de 1959, ao saber a notícia da convocatória do Concílio, o fundador do Opus Dei manifestou a sua alegria e esperança e começou a rezar e a pedir orações “pelo feliz êxito dessa grande iniciativa que é o Concílio Ecumênico”.

Imagem de uma das sessões do Concílio Vaticano II

Alguns dos membros do Opus Dei participaram ativamente nos trabalhos conciliares, entre os quais D. Álvaro del Portillo. Durante as diversas sessões daquela magna assembleia eclesial, que se revelou um novo Pentecostes para a Igreja, muitos Padres conciliares conversaram com o fundador para conhecer o seu parecer sobre algumas das questões que se tratavam na Aula.

Quando se publicaram os documentos conciliares, São Josemaria encheu-se de alegria: “Uma das minhas maiores alegrias foi ver como o Concílio Vaticano II proclamou com grande clareza a vocação divina do laicato. Sem jactância alguma, devo dizer que, pelo que se refere ao nosso espírito, o Concílio não significou um convite a mudar, antes, pelo contrário, confirmou o que, pela graça de Deus, vínhamos vivendo e ensinando há muitos anos. A principal característica do Opus Dei não são determinadas técnicas ou métodos de apostolado, nem umas estruturas determinadas; é um espírito que leva, precisamente, a santificar o trabalho de cada dia».

O chamamento universal à santidade

Torna-se fácil imaginar o seu agradecimento ao Senhor ao ler estas afirmações da Constituição dogmática sobre a Igreja, Lumen Gentium: “Todos os fiéis, seja qual for o seu estado ou situação social, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade, santidade esta que promove na própria sociedade terrena um teor de vida mais humano”.

Desde 1928, o chamamento universal à santidade tinha ocupado um lugar fulcral nos seus ensinamentos. “A santidade não é uma coisa para privilegiados – afirmava em 1930 -: o Senhor chama a todos, de todos espera amor: de todos, onde quer que se encontrem, de todos, qualquer que seja o seu estado, a sua profissão ou ofício”.

Desde o início ensinara também que todos os fiéis cristãos têm “alma sacerdotal”, participam no sacerdócio de Cristo.

Em 11 de Março de 1940, escrevia aos membros do Opus Dei: “Com alma sacerdotal, fazendo da Santa Missa o centro da nossa vida interior, procuramos estar com Jesus, entre Deus e os homens”.

Por esse conjunto de razões, São Josemaria sentiu profunda alegria ao ler no decreto conciliar Presbyterorum Ordinis: “O Senhor Jesus tornou participante todo o seu corpo místico da unção do Espírito com que Ele mesmo foi ungido; n’Ele todos os fiéis são constituídos num sacerdócio santo e real, oferecem a Deus, por intermédio de Jesus Cristo, espirituais vítimas, e proclamam as virtudes d’Aquele que os chamou das trevas à sua luz admirável. Não há, pois, membro algum que não possua, na função de todo o Corpo, a sua missão particular, uma vez que cada um deve glorificar Jesus no seu coração e, em espírito de profecia, dar d’Ele testemunho”.

Vocação cristã, vocação para o apostolado

21 de Novembro de 1965, Paulo VI inaugura o Centro ELIS, em Roma

O Concílio vinha recordar que todos os fiéis são chamados, pela sua consagração batismal, a realizar um intenso apostolado, “porque a vocação cristã, pela sua própria natureza, é também vocação para o apostolado”.

Durante o seu pontificado, o beato João XXIII tinha confiado ao Opus Dei a realização de uma atividade apostólica no Tiburtino, nessa altura um bairro periférico de Roma com inúmeras carências. Poucos anos depois, no dia 21 de Novembro de 1965, Paulo VI inaugurou o Centro ELIS, vocacionado para a promoção profissional de jovens operários da zona, que era uma das valências daquele empreendimento encomendado pelo Papa.

Paulo VI chegou acompanhado de vários Padres Conciliares. No Centro ELIS, estavam à sua espera o fundador e uma pequena multidão de pessoas do bairro. Ao ver tantas pessoas e aquele sonho tornado realidade, o Papa abraçou efusivamente São Josemaria, dizendo:

- Tudo aqui é Opus Dei.

No dia seguinte o fundador comentava: “Ontem, estava muito emocionado. Emocionei-me sempre: com Pio XII, com João XXIII e com Paulo VI, porque tenho fé”.