O céu, a morte, o purgatório... O que nos acontece no fim da vida?

Durante o mês de novembro, a Igreja considera de modo especial as verdades de fé relacionadas com a morte e a vida eterna.

Artigo com imagens da Capela Sistina, situada no palácio Apostólico da Cidade do Vaticano.

Sumário:

1. O que há depois da morte? Deus julga cada pessoa pela sua vida?

2. Quem são os que vão para o céu? Como é o céu?

3. O que é o purgatório? É para sempre?

4. O inferno existe?

5. Quando será o juízo final? Em que consistirá?

6. No final dos tempos Deus prometeu céu novo e uma nova terra. Que devemos esperar?

7. Por que rezar pelos falecidos?


Alguns recursos para o mês de novembro, em que a Igreja dedica a rezar de forma especial para os fiéis falecidos

Nos Livros Santos chamam-se Novíssimos às coisas que sucederão ao homem no fim da vida: a morte, o juízo, o destino eterno: o céu ou o inferno. A Igreja apresenta-os de modo especial durante o mês de novembro. Através da liturgia, convidam-se os cristãos a meditar nestas realidades.

- Monte das Bem-aventuranças: Todos os Santos

Resumos da fé cristã: Tema 11. Ressurreição, Ascensão e Segunda vinda de Cristo

Resumos da fé cristã: Tema 16. Creio na ressurreição da carne e na vida eterna

 Orações pelos defuntos

Comentário do Evangelho do 1 de novembro: Dia de todos os Santos

Comentário do Evangelho do 2 de novembro: Comemoração de todos os Fiéis Defuntos


1. O que há depois da morte? Deus julga cada pessoa pela sua vida?

O Catecismo da Igreja Católica ensina que «a morte põe termo à vida do homem, enquanto tempo aberto à aceitação ou à rejeição da graça divina, manifestada em Jesus Cristo» «Ao morrer, cada homem recebe na sua alma imortal a retribuição eterna, num juízo particular que põe a sua vida em referência a Cristo, quer através de uma purificação, quer para entrar imediatamente na felicidade do céu, quer para se condenar imediatamente para sempre».

Neste sentido S. João da Cruz fala do juízo particular de cada um dizendo que «ao entardecer desta vida, examinar-te-ão no amor».

Catecismo da Igreja Católica, 1021-1022

Contemplar o mistério

  • Tudo se conserta, menos a morte... E a morte conserta tudo. Sulco, 878
  • Em face da morte, sereno! - É assim que te quero. - Não com o estoicismo frio do pagão; mas com o fervor do filho de Deus, que sabe que a vida é mudada, não tirada. - Morrer?... Viver! Sulco, 876
  • Não faças da morte uma tragédia!, porque não o é. Só aos filhos desamorados é que não entusiasma o encontro com seus pais. Sulco, 885
  • O verdadeiro cristão está sempre disposto a comparecer diante de Deus. Porque, em cada instante - se luta por viver como homem de Cristo -, encontra-se preparado para cumprir o seu dever. Sulco, 875
  • “Achei graça quando ouvi o senhor falar das "contas" que Deus lhe pedirá. Não, para vós Ele não será Juiz - no sentido austero da palavra -, mas simplesmente Jesus”. Esta frase, escrita por um Bispo santo, que consolou mais de um coração atribulado, bem pode consolar o teu. Caminho, 168

2. Quem são os que vão para o céu? Como é o céu?

O céu é “o fim último e a realização das aspirações mais profundas do homem, o estado de felicidade suprema e definitiva.” S. Paulo escreve: Nem olho viu, nem ouvido ouviu, nem passou pelo pensamento do homem as coisas que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1Cor 2, 9).

Depois do juízo particular, os que morrem na graça e na amizade de Deus e estão perfeitamente purificados vão para o céu. Vivem em Deus, vêem-no tal como é. Estão sempre com Cristo. São para sempre semelhantes a Deus, gozam da sua felicidade, do seu Bem, da Verdade e da Beleza de Deus.

Esta vida perfeita com a Santíssima Trindade,esta comunhão de vida e de amor com Ela, com a Virgem Maria, com os anjos e com todos os bem-aventurados chama-se céu. Pela sua morte e ressurreição, Jesus Cristo «abriu-nos» o céu. Viver no céu é “estar com Cristo” (cf. Jo 14, 3; Flp 1, 23; 1 Ts 4,17). Os eleitos vivem «n'Ele»; mas n'Ele conservam, ou melhor, encontram a sua verdadeira identidade, o seu nome próprio. (cf. Ap 2, 17)

Catecismo da Igreja Católica, 1023-1026

Contemplar o mistério

  • Mentem os homens quando dizem “para sempre” nas coisas temporais. Só é verdade, com uma verdade total, o “para sempre” da eternidade. - E assim hás de viver tu, com uma fé que te faça sentir sabores de mel, doçuras de céu, ao pensares nessa eternidade que, essa sim, é para sempre! Forja, 999
  • Pensa como é grato a Deus Nosso Senhor o incenso que se queima em sua honra; pensa também quão pouco valem as coisas da terra que, mal começam, já acabam... Pelo contrário, um grande Amor te espera no Céu: sem traições, sem enganos: todo o amor, toda a beleza, toda a grandeza, toda a ciência...! E sem enjoar: saciar-te-á sem saciar. Forja, 995
  • Se transformamos os projetos temporais em metas absolutas, cancelando do horizonte a morada eterna e o fim para que fomos criados - amar e louvar o Senhor, e possuí-lo depois no Céu -, os mais brilhantes empreendimentos se tornam traições e mesmo veículo para aviltar as criaturas. Recordemos a sincera e famosa exclamação de Santo Agostinho, que havia passado por tantas amarguras enquanto desconhecia Deus e procurava fora dEle a felicidade: Criaste-nos, Senhor, para ti, e o nosso coração está inquieto enquanto não descansar em ti! Amigos de Deus, 208
  • Na vida espiritual, muitas vezes é preciso saber perder, aos olhos da terra, para ganhar no Céu. - Assim ganha-se sempre. Forja, 998

3. O que é o purgatório? É para sempre?

Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não de todo purificados, embora seguros da sua salvação eterna, sofrem depois da morte uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrar na alegria do céu. A Igreja chama Purgatório a esta purificação final dos eleitos, que é absolutamente distinta do castigo dos condenados.

Esta doutrina apoia-se também na prática da oração pelos defuntos, de que já fala a Sagrada Escritura: «Por isso, [Judas Macabeu] pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres das suas faltas» (2 Mac 12, 46). Desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória dos defuntos, oferecendo sufrágios em seu favor, particularmente o Sacrifício eucarístico para que, purificados, possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também a esmola, as indulgências e as obras de penitência a favor dos defuntos.

Catecismo da Igreja Católica, 1030-1032

Contemplar o mistério

  • O purgatório é uma misericórdia de Deus, para limpar os defeitos daqueles que desejam identificar-se com Ele. Sulco, 889
  • Não queiras fazer nada para ganhar méritos, nem por medo das penas do purgatório. Empenha-te, desde agora e para sempre, em fazer tudo, até as coisas mais pequenas, para dar gosto a Jesus. Forja, 1041
  • “Esta é a vossa hora, e o poder das trevas”. - Quer dizer que... o homem pecador tem a sua hora? - Tem, sim... E Deus, a sua eternidade! Caminho, 734

4. O inferno existe?

Significa permanecer separado d'Ele - do nosso Criador - para sempre, por nossa própria livre escolha. E é este estado de auto-exclusão definitiva da comunhão com Deus e com os bem-aventurados que se designa pela palavra «Inferno».

Morrer em pecado mortal sem arrependimento e sem dar acolhimento ao amor misericordioso de Deus é escolher este fim para sempre.

A doutrina da Igreja afirma a existência do Inferno e a sua eternidade. As almas dos que morrem em estado de pecado mortal descem imediatamente, após a morte, aos infernos, onde sofrem as penas do Inferno, «o fogo eterno». A principal pena do inferno consiste na separação eterna de Deus, o único em Quem o homem pode ter a vida e a felicidade para que foi criado e a que aspira.

Jesus fala muitas vezes da «geena» do «fogo que não se apaga» (630) reservada aos que recusam, até ao fim da vida, acreditar e converter-se, e na qual podem perder-se, ao mesmo tempo, a alma e o corpo. A principal pena do inferno consiste na separação eterna de Deus.

As afirmações da Sagrada Escritura e os ensinamentos da Igreja a respeito do Inferno são um apelo ao sentido de responsabilidade com que o homem deve usar da sua liberdade, tendo em vista o destino eterno. Constituem, ao mesmo tempo, um apelo urgente à conversão: «Entrai pela porta estreita, pois larga é a porta e espaçoso o caminho que levam à perdição e muitos são os que seguem por eles. Que estreita é a porta e apertado o caminho que levam à vida e como são poucos aqueles que os encontram!» (Mt 7, 13-14).

Catecismo da igreja Católica, 1033-1036

Contemplar o mistério

  • Não esqueçais que é mais cômodo - mas é um descaminho - evitar a todo o custo o sofrimento, com a desculpa de não desgostar o próximo. Freqüentemente, esconde-se nessa inibição uma vergonhosa fuga à dor própria, já que normalmente não é agradável fazer uma advertência séria. Meus filhos, lembrai-vos de que o inferno está cheio de bocas fechadas. Amigos de Deus, 161
  • Um discípulo de Cristo nunca raciocinará assim: “Eu procuro ser bom, e os outros, se quiserem..., que vão para o inferno”. Este comportamento não é humano, nem se coaduna com o amor de Deus, nem com a caridade que devemos ao próximo. Forja, 952
  • Somente o inferno é castigo do pecado. A morte e o juízo não passam de conseqüências, que aqueles que vivem na graça de Deus não temem. Sulco, 890

5. Quando será o juízo final? Em que consistirá?

A ressurreição de todos os mortos, «justos e pecadores» (Act 24, 15), há-de preceder o Juízo final. Será «a hora em que todos os que estão nos túmulos hão-de ouvir a sua voz e sairão: os que tiverem praticado o bem, para uma ressurreição de vida, e os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de condenação» (Jo 5, 28-29). Então Cristo virá «na sua glória, com todos os seus anjos [...]. Todas as nações se reunirão na sua presença e Ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos; e colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. [...] Estes irão para o suplício eterno e os justos para a vida eterna» (Mt 25, 31-33.46).

O Juízo final terá lugar quando acontecer a vinda gloriosa de Cristo. Só o Pai sabe o dia e a hora, só Ele decide sobre a sua vinda. Pelo seu Filho Jesus Cristo. Ele pronunciará então a sua palavra definitiva sobre toda a história. Nós ficaremos a saber o sentido último de toda a obra da criação e de toda a economia da salvação, e compreenderemos os caminhos admiráveis pelos quais a sua providência tudo terá conduzido para o seu fim último. O Juízo final revelará como a justiça de Deus triunfa de todas as injustiças cometidas pelas suas criaturas e como o seu amor é mais forte do que a morte (cf. Ct.8, 6).
A mensagem do Juízo final é um apelo à conversão, enquanto Deus dá ainda aos homens «o tempo favorável, o tempo da salvação» (2 Cor 6, 2). Ela inspira o santo temor de Deus, empenha na justiça do Reino de Deus e anuncia a «feliz esperança» (Tt 2, 13) do regresso do Senhor, que virá «para ser glorificado nos seus santos, e admirado em todos os que tiverem acreditado» (2 Ts 1, 10).

Catecismo da Igreja Católica, 1038-1041


Contemplar o mistério

  • Quando pensares na morte, apesar dos teus pecados, não tenhas medo... Porque Ele já sabe que O amas..., e de que massa estás feito. - Se tu O procurares, acolher-te-á como o pai ao filho pródigo: mas tens de procurá-Lo! Sulco, 880
  • “Conheço algumas e alguns que não têm forças nem para pedir socorro”, dizes-me desgostoso e cheio de pena. - Não passes ao largo; a tua vontade de salvar-te e de salvá-los pode ser o ponto de partida da sua conversão. Além disso, se reconsideras, perceberás que também a ti te estenderam a mão. Sulco, 778
  • O mundo, o demônio e a carne são uns aventureiros que, aproveitando-se da fraqueza do selvagem que trazes dentro de ti, querem que, em troca do fictício brilho de um prazer - que nada vale -, lhes entregues o ouro fino e as pérolas e os brilhantes e os rubis embebidos no sangue vivo e redentor do teu Deus, que são o preço e o tesouro da tua eternidade. Caminho, 708
  • Para salvares o homem, Senhor, morres na Cruz; e, no entanto, por um só pecado mortal, condenas o homem a uma eternidade infeliz de tormentos... Quanto te ofende o pecado, e quanto não devo odiá-lo! Forja, 1002

6. No final dos tempos Deus prometeu céu novo e uma nova terra. Que devemos esperar?

A esta misteriosa renovação, que há-de transformar a humanidade e o mundo, a Sagrada Escritura chama «os novos céus e a nova terra» (2 Pe 3, 13) (640). Será a realização definitiva do desígnio divino de «reunir sob a chefia de Cristo todas as coisas que há nos céus e na terra» (Ef 1, 10).
Para o homem, esta consumação será a realização final da unidade do género humano, querida por Deus desde a criação e da qual a Igreja peregrina era «como que o sacramento» (LG 1). Os que estiverem unidos a Cristo formarão a comunidade dos resgatados, a «Cidade santa de Deus» (Ap 21, 2), a «Esposa do Cordeiro» (Ap 21, 9). Esta não mais será atingida pelo pecado, pelas manchas (644), pelo amor próprio, que destroem e ferem a comunidade terrena dos homens. A visão beatífica, em que Deus Se manifestará aos eleitos de modo inesgotável, será a fonte inexaurível da felicidade, da paz e da mútua comunhão.

«Ignoramos o tempo em que a terra e a humanidade atingirão a sua plenitude, e também não sabemos como é que o universo será transformado. Porque a figura deste mundo, deformada pelo pecado, passa certamente, mas Deus ensina-nos que se prepara uma nova habitação e uma nova terra, na qual reinará a justiça e cuja felicidade satisfará e superará todos os desejos de paz que se levantam no coração dos homens(GS 39).

«A expectativa da nova terra não deve, porém, enfraquecer, mas antes ativar a solicitude em ordem a desenvolver esta terra onde cresce o corpo da nova família humana, que já consegue apresentar uma certa prefiguração do mundo futuro. Por conseguinte, embora o progresso terreno se deva cuidadosamente distinguir do crescimento do Reino de Cristo, todavia, na medida em que pode contribuir para a melhor organização da sociedade humana, interessa muito ao Reino de Deus» (DS 39).

Catecismo da Igreja Católica, 1043-1049

Contemplar o mistério

  • Enquanto aqui vivemos, o reino assemelha-se ao fermento que uma mulher tomou e misturou com três medidas de farinha, até que toda a massa ficou fermentada. Quem compreende o reino que Cristo propõe, percebe que vale a pena arriscar tudo para consegui-lo: é a pérola que o mercador adquire à custa de vender tudo o que possui, é o tesouro achado no campo. O reino dos céus é uma conquista difícil, e ninguém tem a certeza de alcançá-lo; mas o clamor humilde do homem arrependido consegue que as suas portas se abram de par em par. É Cristo que passa, 180
  • Nesta terra, a contemplação das realidades sobrenaturais, a ação da graça em nossas almas, o amor ao próximo como fruto saboroso do amor a Deus, representam já uma antecipação do céu, um começo destinado a crescer de dia para dia. Nós, os cristãos, não suportamos uma vida dupla: mantemos uma unidade de vida, simples e forte, em que se fundamentam e se compenetram todas as nossas ações. É Cristo que passa, 126
  • O tempo é o nosso tesouro, o “dinheiro” para comprarmos a eternidade. Sulco, 882

7. Por que rezar pelos falecidos?

Na Igreja Católica, o mês de novembro, é iluminado de modo particular pelo mistério da comunhão dos santos que se refere à união e à ajuda mútua que os cristãos podem prestar entre si: nós que estamos ainda na terra, os que, já certos de irem para o Céu, se purificam, antes de se apresentarem diante de Deus, dos vestígios de pecado no purgatório e os que intercedem por nós diante da Santíssima Trindade onde gozam da felicidade suprema para sempre. O Céu é o fim último e a realização das aspirações mais profundas do homem, o estado de felicidade suprema e definitiva.

Catecismo da Igreja Católica, 1024.

“Até que o Senhor venha em Sua majestade e, com ele, todos os anjos e, tendo sido destruída a morte, todas as coisas lhe forem sujeitas, alguns dentre os seus discípulos peregrinam na terra; outros, terminada esta vida, são purificados; enquanto outros são glorificados, vendo claramente o próprio Deus trino e uno, assim como é” “Lumen Gentium, 49”.

Todos, porém, em grau e modo diverso, participamos da mesma caridade de Deus e do pró­xi­mo e cantamos o mesmo hino de glória a nosso Deus.

Catecismo da Igreja Católica 954

“Reconhecendo cabalmente esta comunhão de todo o corpo místico de Jesus Cristo, a Igreja terrestre, desde os primeiros tempos da religião cristã, venerou com grande piedade a memória dos defuntos (...) e, "já que é um pensamento santo e salutar rezar pelos defuntos para que sejam perdoados de seus pecados”

Catecismo da Igreja Católica 958

“A Igreja chama Purgatório esta purificação final dos eleitos que é completamente distinta do castigo dos condenados”.

Catecismo da Igreja Católica 1031

Desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória dos defuntos ofereceu sufrágios em seu favor, em particular o sacrifício eucarístico, para que, uma vez purificados, possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja também recomenda as esmolas, as indulgências e as obras de penitência em favor dos falecidos.

Meditar com São Josemaria

  • “Que contente se deve morrer, quando se viveram heroicamente todos os minutos da vida! Posso-to garantir porque presenciei a alegria daqueles que, com serena impaciência, durante muitos anos, se prepararam para esse encontro” (Sulco 893).
  • As benditas almas do purgatório. - Por caridade, por justiça e por um egoísmo desculpável - podem tanto diante de Deus! -, lembra-te delas com muita frequência nos teus sacrifícios e na tua oração. Oxalá possas dizer, ao falar nelas: “Minhas boas amigas, as almas do purgatório...” (Caminho, 571)