Interessar-se de verdade pelas pessoas

Publicamos alguns textos do Beato Álvaro del Portillo sobre o tema da amizade e confidência, característica importante do espírito do Opus Dei, e que é uma missão possível para todos.

Aproximar as almas de Deus

Caritas Christi urget nos (2 Co 5, 14). O amor de Cristo nos urge. Com o trabalho profissional, tens de empapar as relações sociais de retidão e de sentido cristão. Qualquer circunstância deve servir-te para iniciar com as almas esse diálogo divino e humano, como Jesus, o filho do carpinteiro (Mt 13, 55), que atrai os seus irmãos com o seu modo de comportar-se e com suas palavras. O tecido humano, que as relações profissionais trançam, deve incluir necessariamente em suas fibras a marca de Deus, para que os homens encontrem esse algo divino escondido nas realidades terrenas.

Carta pastoral, 1-XII-1991.

Apostolado de amizade e confidência

O que é a amizade? A amizade não é ver uma pessoa e cumprimentá-la: olá! Não. É saber compreender, saber sacrificar-se por essa pessoa, ajudar, estar disposto a fazer os favores que nos pedirem; desta maneira surge a verdadeira amizade. E então, é lógico que queiramos fazer a nossos amigos o favor de compartilhar o maior tesouro que temos: o tesouro da fé, do trato com Deus. Sai sozinho. Não é falta de naturalidade. É como a fonte que mana de uma rocha, sem esforço.

Procura fazer-te amigo dos teus amigos: desculpando, compreendendo, querendo bem, servindo; e verás como estes amigos teus, antes ou depois, recorrerão a ti para abrirem o seu coração. Todos necessitamos abrir o coração de vez em quando. Sofremos uma pena e queremos pedir um conselho. Temos uma alegria e necessitamos compartilhá-la com outra pessoa. Todas as almas e todos os corações têm necessidade de transbordar, como estas represas que se constroem para armazenar água para irrigação, ou para produzir corrente elétrica... Quando tem água demais, deixa-se um lugar por onde possa escapar. Assim acontece com as almas e com os corações: necessitamos de um escoadouro, um desaguadouro.

E quem são esses desaguadouros? Os amigos, as pessoas queridas. Chegará o momento em que irão falar contigo, e te dirão: acontece-me isso, sofro essa pena; e então saberás dizer – com a ajuda de Deus – a palavra oportuna para curar uma ferida, o conselho para superar um mau momento, para empurrar na vida interior.

Notas de uma reunião familiar (Montreal), 22-II-1988.

Semear alegria

Chega para nós a hora de uma tarefa urgente. No meio deste mundo, que se irrita e se entristece, porque está se afastando de Cristo, estamos obrigados a injetar alegria nas almas, otimismo esperançoso nos corações que se movem entre desassossegos e temores. Grande tarefa é esta: anunciar aos homens o gaudium cum pace [alegria com paz]; porém – escrevo-o com a mão segura, seguindo o ditado do nosso Padre [São Josemaria] – só com a Virgem nossa alma transbordará de alegria, de um júbilo extraordinário e sereno, que contagiará quem conviver conosco.

Carta pastoral, 9-I-1978.

Mediante as visitas aos pobres e enfermos, interessa-nos sinceramente praticar a solidariedade cristã com os que sofrem, oferecendo às pessoas indigentes o bálsamo de uma caridade que está tecida de compreensão e de carinho verdadeiro.

Carta pastoral, 31-V-1987.