Fiéis falecidos com fama de santidade

São Josemaría escreveu em 1933: “é preciso que eu seja santo e pai, mestre e guia de santos”. Uma vez canonizado por João Paulo II em 6 de outubro de 2002, essas palavras ganharam novo vigor. O olhar se dirige agora às muitas pessoas que, pelo exemplo, pelos escritos ou pelo trato pessoal de São Josemaría, dirigiram as suas vidas resolutamente à santidade, contando com a graça de Deus.

D. Álvaro del Portillo, primeiro sucessor de São Josemaría à frente do Opus Dei; Isidoro, um dos primeiros fiéis do Opus Dei; Montse, uma jovem catalã; Toni Zweifel, engenheiro suíço; Ernesto Cofiño, um médico guatemalteco e os irmãos Eduardo e Guadalupe Ortiz de Ladázuri: são fiéis do Opus Dei que faleceram com fama de santidade e cuja Causa de Canonização está aberta. A sua perseverança na luta por parecer-se com Jesus Cristo em tudo — pensamentos, sentimentos, palavras e ações —, no seu trabalho e nos afãs da vida cotidiana, é o denominador comum das suas vidas.

D. Álvaro del Portillo, prelado do Opus Dei (Madri, 1914 – Roma, 1994)

D. Álvaro, como o chamam milhões de pessoas que recorrem à sua intercessão em todo o mundo, era um brilhante estudante de engenharia quando conheceu Josemaría Escrivá. Sentindo que Deus o chamava por esse caminho, incorporou-se ao Opus Dei em 1935. Sacerdote desde 1944 –após concluir os estudos civis e eclesiásticos–, foi o principal colaborador de São Josemaría e o seu sucessor, em 1975, à frente do Opus Dei.

Em Roma, onde residia desde 1946, era muito apreciado — entre outros motivos — pelo seu trabalho no Concílio Vaticano II (1962-1965), no qual contribuiu para potencializar o papel dos leigos na Igreja. Graças à sua bondade e humildade, muitas pessoas de todas as classes e condições tinham um grandíssimo afeto por ele. Álvaro del Portillo faleceu em Roma, em 23 de março de 1994, no dia seguinte ao seu retorno de uma peregrinação à Terra Santa. Nesse mesmo dia, o Papa João Paulo II foi rezar diante dos seus restos mortais. O cardeal Camilo Ruini, bispo vigário de Roma, abriu no dia 5 de março de 2004 a fase diocesana da sua causa de canonização.

Isidoro Zorzano (Buenos Aires, 1902 – Madri, 1943)

Foi um dos primeiros fiéis do Opus Dei. Soube colocar, como engenheiro de uma companhia ferroviária e como professor, a sua competência profissional a serviço dos que estavam à sua volta. Na tensa situação social vivida pela Espanha durante a Guerra Civil, Isidoro ajudou São Josemaría a colocar os fundamentos da Obra, sacrificando-se com abnegação e transmitindo aos outros a paz e a serenidade que dava a sua proximidade de Deus. Morreu de uma dolorosa doença, que padeceu heroicamente.

Montserrat Grases (Barcelona, 1941 – 1959)

Em plena juventude, Montse encontrou no Opus Dei um caminho para oferecer o seu coração a Deus. Sem afastar-se da vida normal de uma moça da sua idade — nos seus estudos, na sua vida familiar, nas suas diversões — derramou ao seu redor a alegria própria do cristão que procura apoiar-se em Deus.

Um câncer ósseo a deixou fisicamente prostrada, mas não a impediu de continuar contagiando a sua vitalidade e a sua alegria, enraizadas em Deus, às suas amigas. A fortaleza e a visão sobrenatural que demonstrou até o seu encontro definitivo com o Senhor ajudaram muitos jovens, que vêem em Montse um modelo de entrega alegre na vida cotidiana.

Toni Zweifel (Verona, 1938 – Zurique, 1989)

Engenheiro industrial, desenvolveu o seu trabalho profissional na Suíça. O seu caráter cordial e a sua simplicidade se traduziram numa vida cristã normal e, ao mesmo tempo, heróica. No Opus Dei descobriu a dimensão sobrenatural do trabalho como serviço, que o moveu a promover projetos para ajudar os mais necessitados em mais de 30 países, especialmente nas áreas de promoção da família e da mulher. Com a simplicidade que sempre viveu, soube aceitar a leucemia que provocou o seu falecimento em 1989.

Ernesto Cofiño (Guatemala, 1899-1991)

Pediatra com grande sentido humano, o doutor Cofiño assumiu como próprio o desafio de solucionar os problemas públicos do seu país como os derivados da orfandade, a fome ou a falta de educação escolar e na área da saúde. O seu amor a Cristo e a Nossa Senhora, que foi crescendo através de uma profunda piedade, o impulsionava e preocupar-se com a saúde física e espiritual dos seus pacientes.

Dr. Cofiño animou muitas pessoas a contribuir — economicamente e com as suas orações — com o desenvolvimento de iniciativas sociais de promoção humana e cristã. Fomentou e defendeu o direito e o amor à vida, através de iniciativas em favor de futuras mães, de meninos e meninas de rua e de órfãos. Também promoveu asilos e centros assistenciais. Morreu de câncer aos 92 anos, depois de uma longa e dolorosa enfermidade, que aceitou cristãmente.

Eduardo Ortiz de Landázuri (Segóvia, 1910 – Pamplona, 1985)

Procurou servir os seus pacientes com a sua competência profissional como médico, com o seu profundo sentido humano e com a sua proximidade de Deus. Quando era jovem, o fuzilamento de seu pai foi a origem de uma profunda crise religiosa que superou perdoando os que tinham cometido aquele ato. A partir desse momento, colocou a sua vida a serviço dos doentes, especialmente dos mais necessitados. O seu trabalho e a sua família — sua mulher, Laurita, e os seus sete filhos — foram os dois pilares sobre os quais, vivendo com fidelidade o espírito do Opus Dei, edificou o seu caminho até o Céu.

Guadalupe Ortiz de Landázuri (Madri, 1916-1975)

Guadalupe, uma das primeiras mulheres do Opus Dei, encarna um modelo próximo e amável: foi uma trabalhadora infatigável, que enfrentou cristãmente os problemas da sua época. Preocupou-se com as necessidades educativas e espirituais dos que estavam à sua volta e sempre teve um sorriso para todos. Em todas as coisas, Deus foi o motivo do seu agir.

Morou em Madri, Cidade do México e Roma. São Josemaría se apoiou em Guadalupe para expandir a Obra e assim, em 1950, pediu-lhe que fosse começar o trabalho apostólico no México. Nesse país, abriu uma residência para universitárias e, com a ajuda das estudantes, promoveu várias iniciativas voltadas para as jovens trabalhadoras do campo. Na Espanha, obteve o grau de doutora em Ciências Químicas em 1965 e exerceu durante vários anos a sua profissão de docente.