Pedro Modesto Piccoli, médico oftalmologista em plena atividade desde 1978, é casado com Maura há mais de trinta anos. Têm quatro filhos e dois netos. A par da dedicação à oftalmologia, há mais de vinte anos estuda questões relacionadas à família e educação. Há dois anos uniu-se a outras famílias para um novo projeto: a criação da primeira escola em Curitiba com ensino personalizado e diferenciado (com uma unidade para meninas e outra para meninos), que contará com a colaboração do Opus Dei para os aspectos relativos à sua identidade cristã. Aqui, ele nos fala desse ideal.

Como nasceu a ideia?

Sempre conversamos muito sobre educação, colégios, formação dos jovens e temas correlatos. Eram ideias, e as conversas ficavam muitas vezes apenas no campo da observação, da crítica e de uma leve esperança de que algum dia “surgisse” algo de concreto para abrigar os princípios educativos que considerávamos fundamentais.

Houve um momento, justamente num Natal, em que vimos nitidamente que precisávamos concretizar algo. Partilhamos esse “insight” com algumas pessoas, e a partir de então, simplesmente começou... Pusemos mãos à obra.

Qual é a finalidade da iniciativa?

Pensamos que muitas vezes a educação tem um cunho excessivamente pragmático e imediatista. Em muitos ambientes, a educação é apenas uma ferramenta para passar num vestibular ou fazer sucesso (entenda-se “ganhar muito dinheiro”). Entendemos que a educação deve incluir esse aspecto, mas não pode se limitar a isso! Concebemos a educação como caminho para ajudar as pessoas a realizarem as suas potencialidades.

Acreditamos que as pessoas são tanto mais felizes quanto mais plenamente conseguem desenvolver seus bons potenciais. Reparem que frisamos “bons” potenciais! Sim, porque todos os seres humanos são sujeitos de acertos e de erros, de vícios e de virtudes, e possuímos potenciais para tomar o caminho certo, como também caminhos errados.

Para alcançar a felicidade nesta terra, tanto quanto seja possível ser feliz aqui, é preciso identificar os bons potenciais e desenvolvê-los ao máximo, através de um processo consciente e equilibrado, e sempre dentro de um contexto de comunicação e interação com seu entorno social. Esta, pode-se dizer, é a finalidade do projeto.

Por que os pais são tão importantes nesse projeto?

Porque o protagonismo principal da educação não pertence aos colégios, e sim aos pais. As escolas têm um papel fundamental, na medida em que subsidiam e enriquecem essa missão da família, mas os principais responsáveis são os pais. A sintonia família-escola é fundamental para o bom sucesso da educação.

Infelizmente, muitos fracassos educativos acontecem em razão de uma dissociação entre família e escola, o que demonstra a necessidade de uma ação sempre combinada entre estas duas instituições.

Como São Josemaria inspirou essa iniciativa?

Em primeiro lugar, São Josemaria foi um grande educador: soube transmitir com a sua vida e com sua palavra a mensagem da santificação do trabalho no dia-a-dia. Mostrou a muitas pessoas essa realidade maravilhosa: que Deus chama todos a serem santos, a viverem plenamente a vocação cristã. É um exemplo para todos nós.

São Josemaria também incentivou muitas famílias a criarem colégios que pudessem ser uma extensão dos seus lares, com essa mesma sintonia de que falávamos antes entre escola e família, e que transmitissem a fé católica com segurança.

Gostaria ainda de destacar outro ponto. Desde o início do nosso projeto, queríamos criar uma escola que respirasse uma atmosfera de verdadeira liberdade. Que soubesse conjugar responsabilidade e liberdade. Que proporcionasse uma educação baseada na confiança, sem medo, sem coação. E São Josemaria foi um mestre da liberdade. Sempre acreditou e demonstrou o valor pedagógico e educativo da liberdade.

Por tudo isso, penso que ele, lá de cima, nos acompanha com muito carinho e intercede por nossos ideiais.