Com o Papa em Filipinas: "Proteger a família"

Apresentamos aqui as homilias e discursos do Santo Padre na sua viagem a FIlipinas.

Santa Missa no Rizal Park em Manila

«Um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado» (Is 9, 5). Sinto uma alegria particular por celebrar convosco o domingo do «Santo Niño». A imagem do Santo Menino Jesus acompanhou a difusão do Evangelho neste país desde o início. Vestido com os trajes reais, coroado e ornado com o cetro, o globo e a cruz, recorda-nos continuamente a ligação entre o Reino de Deus e o mistério da infância espiritual. Disto mesmo nos fala Ele no Evangelho de hoje: «Quem não receber o Reino de Deus como um pequenino, não entrará nele» (Mc 10, 15). O «Santo Niño» continua a anunciar-nos que a luz da graça de Deus brilhou sobre um mundo que habitava nas trevas, trazendo a Boa-Nova da nossa libertação da escravidão e guiando-nos pela senda da paz, do direito e da justiça. Além disso, recorda-nos que fomos chamados para espalhar o Reino de Cristo no mundo.

Ao longo da minha visita, ouvi-vos cantar: «Somos todos filhos de Deus». Isto é o que o «Santo Niño» nos vem dizer. Recorda-nos a nossa identidade mais profunda. Todos nós somos filhos de Deus, membros da família de Deus. São Paulo disse-nos hoje que, em Cristo, nos tornamos filhos adotivos de Deus, irmãos e irmãs em Cristo. Isto é o que nós somos. Esta é a nossa identidade. Vimos uma belíssima expressão disto, quando os filipinos se uniram em torno dos nossos irmãos e irmãs atingidos pelo tufão.

O Apóstolo diz-nos que fomos abundantemente abençoados porque Deus nos escolheu: «no alto do Céu [Ele] nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo» (Ef 1, 3). Estas palavras têm uma ressonância especial nas Filipinas, porque é o maior país católico na Ásia. E isto é já um dom especial de Deus, uma bênção especial; mas é também uma vocação: os filipinos estão chamados a ser exímios missionários da fé na Ásia.

Deus escolheu-nos e abençoou-nos com uma finalidade: ser santos e irrepreensíveis na sua presença (cf. Ef 1, 4). Escolheu cada um de nós para ser testemunha, neste mundo, da sua verdade e da sua justiça. Criou o mundo como um jardim esplêndido e pediu-nos para cuidar dele. Todavia, com o pecado, o homem desfigurou aquela beleza natural; pelo pecado, o homem destruiu também a unidade e a beleza da nossa família humana, criando estruturas sociais que perpetuam a pobreza, a ignorância e a corrupção.

Às vezes, vendo os problemas, as dificuldades e as injustiças, somos tentados a desistir. Quase parece que as promessas do Evangelho não são realizáveis, são irreais. Mas a Bíblia diz-nos que a grande ameaça ao plano de Deus a nosso respeito é, e sempre foi, a mentira. O diabo é o pai da mentira. Muitas vezes, ele esconde as suas insídias por detrás da aparência da sofisticação, do fascínio de ser «moderno», de ser «como todos os outros». Distrai-nos com a vista de prazeres efêmeros e passatempos superficiais. Desta forma, desperdiçamos os dons recebidos de Deus, entretendo-nos com apetrechos fúteis; gastamos o nosso dinheiro em jogos de azar e na bebida; fechamo-nos em nós mesmos. Esquecemos de nos centrar nas coisas que realmente contam. Esquecemo-nos de permanecer interiormente como crianças. Isto é pecado: esquecer-se, no próprio coração, de que somos crianças de Deus. Na realidade, estas – como nos ensina o Senhor – têm uma sabedoria própria, que não é a sabedoria do mundo. É por isso que a mensagem do «Santo Niño» é tão importante. Fala profundamente a cada um de nós; recorda-nos a nossa identidade mais profunda, aquilo que somos chamados a ser como família de Deus.

O «Santo Niño» recorda-nos também que esta identidade deve ser protegida. Cristo Menino é o protetor deste grande país. Quando Ele veio ao nosso mundo, a sua própria vida esteve ameaçada por um rei corrupto. O próprio Jesus viu-Se na necessidade de ser protegido. Ele teve um protetor na terra: São José. Teve uma família aqui na terra: a Sagrada Família de Nazaré. Desta forma, recorda-nos a importância de proteger as nossas famílias e a família mais ampla que é a Igreja, a família de Deus, e o mundo, a nossa família humana.Hoje, infelizmente, a família tem necessidade de ser protegida de ataques insidiosos e programas contrários a tudo o que nós consideramos de mais verdadeiro e sagrado, tudo o que há de mais nobre e belo na nossa cultura.

No Evangelho, Jesus acolhe as crianças, abraça-as e abençoa-as. Também nós temos o dever de proteger, guiar e encorajar os nossos jovens, ajudando-os a construir uma sociedade digna do seu grande patrimônio espiritual e cultural. Especificamente, temos necessidade de ver cada criança como um dom que deve ser acolhido, amado e protegido. E devemos cuidar dos jovens, não permitindo que lhes seja roubada a esperança e sejam condenados a viver pela estrada.

Uma criança frágil trouxe ao mundo a bondade de Deus, a misericórdia e a justiça. Resistiu à desonestidade e à corrupção, que são a herança do pecado, e triunfou sobre elas com o poder da cruz. Agora, no final da minha visita às Filipinas, entrego-vos a Jesus que veio estar entre nós como criança. Que Ele torne todo o amado povo deste país capaz de trabalhar unido, de se proteger mutuamente a começar pelas vossas famílias e comunidades, na construção dum mundo de justiça, integridade e paz. O «Santo Niño» continue a abençoar as Filipinas e a sustentar os cristãos desta grande nação na sua vocação de ser testemunhas e missionários da alegria do Evangelho, na Ásia e no mundo inteiro.

Por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Deus vos abençoe!

Encontro com os jovens no campo esportivo da Universidade

Discurso pronunciado pelo Santo Padre

Começo por uma notícia triste. Ontem, quando estava prestes a principiar a Missa, caiu uma das torres e atingiu uma jovem, que morreu. O seu nome é Cristal. Ela trabalhou na organização daquela Missa. Tinha 27 anos, era jovem como vós e trabalhava para uma associação. Era uma voluntária. Queria que nós todos juntos – vós, jovens como ela – rezássemos em silêncio por um minuto e depois invocássemos a nossa Mãe do Céu.

[Silêncio. Ave Maria…].

Façamos uma oração também por seu pai e sua mãe. Era filha única. A sua mãe está em viagem de Hong Kong, enquanto o pai já chegou a Manila e espera a esposa.

É uma alegria para mim estar hoje convosco. Saúdo cordialmente a cada um de vós e agradeço a todos aqueles que tornaram possível este encontro. Durante a minha visita às Filipinas, senti uma vontade particular de me encontrar convosco, queridos jovens, para vos escutar e falar. Desejo exprimir o amor e a esperança que a Igreja tem por vós. A minha intenção é encorajar-vos, como cidadãos cristãos deste país, na oferta de vós mesmos feita com entusiasmo e honestidade para o grande compromisso de renovar a vossa sociedade e contribuir para a construção de um mundo melhor.

De modo especial, agradeço aos jovens que me dirigiram palavras de boas-vindas: Jun, Leandro e Rikki. Muito obrigado!

Um aparte… sobre a reduzida representação das mulheres. Demasiado pouco! As mulheres têm muito a dizer-nos na sociedade atual. Às vezes somos demasiado machistas, e não deixamos espaço à mulher. Mas a mulher sabe ver as coisas com olhos diferentes dos homens. A mulher sabe fazer perguntas que nós, homens, não conseguimos compreender. Senão vede… Ela [indica Glyzelle] fez hoje a única pergunta que não tem resposta. E não lhe vinham as palavras, teve de a dizer com as lágrimas. Assim, quando vier o próximo Papa a Manila, que haja mais mulheres!

Agradeço-te, Jun, que apresentaste com tanta coragem a tua experiência. Como disse antes, o núcleo da tua pergunta quase não tem resposta. Somente quando formos capazes de chorar sobre as coisas que vós vivestes, é que podemos compreender qualquer coisa e dar alguma resposta. A grande pergunta que se põe a todos:Porque sofrem as crianças? Porque sofrem as crianças? Precisamente quando o coração consegue pôr a si mesmo a pergunta e chorar, então podemos compreender qualquer coisa. Há uma compaixão mundana que para nada serve! Uma compaixão que, no máximo, nos leva a meter a mão na carteira e dar uma moeda. Se esta tivesse sido a compaixão de Cristo, teria passado, teria curado três ou quatro pessoas e teria regressado ao Pai. Somente quando Cristo chorou e foi capaz de chorar é que compreendeu os nossos dramas.

Queridos moços e moças, no mundo de hoje falta o pranto! Choram os marginalizados, choram aqueles que são postos de lado, choram os desprezados, mas aqueles de nós que levamos uma vida sem grandes necessidades não sabemos chorar. Certas realidades da vida só se vêem com os olhos limpos pelas lágrimas. Convido cada um de vós a perguntar-se: Aprendi eu a chorar? Quando vejo uma criança faminta, uma criança drogada pela estrada, uma criança sem casa, uma criança abandonada, uma criança abusada, uma criança usada como escravo pela sociedade? Oh! O meu não passa do pranto caprichoso de quem chora porque quereria ter mais alguma coisa? Esta é a primeira coisa que vos queria dizer: aprendamos a chorar, como ela [Glyzelle] nos ensinou hoje. Não esqueçamos este testemunho. A grande pergunta – porque sofrem as crianças? – foi feita por ela a chorar e a grande resposta que lhe podemos dar todos nós é aprender a chorar.

No Evangelho, Jesus chorou, chorou pelo amigo morto. Chorou no seu coração por aquela família que perdeu a filha. Chorou no seu coração, quando viu aquela pobre mãe viúva que levava o seu filho ao cemitério. Comoveu-Se e chorou no seu coração, quando viu a multidão como ovelhas sem pastor. Se vós não aprenderdes a chorar, não sois bons cristãos. E este é um desafio. Jun lançou-nos este desafio. E quando nos fizerem a pergunta «porque sofrem as crianças, porque acontece isto ou aquilo de trágico na vida», que a nossa resposta seja o silêncio ou a palavra que nasce das lágrimas? Sede corajosos, não tenhais medo de chorar.

A seguir veio Leandro Santos. Fez perguntas sobre o mundo da informação. Hoje, com tantos mass-media, estamos superinformados: será mal isto? Não. Isto é bom e ajuda, mas corremos o perigo de viver acumulando informações. E temos tantas informações, mas talvez não saibamos o que fazer com elas. Corremos o risco de nos tornarmos «jovens-museu» e não jovens sapientes. Poder-me-íeis pedir: Padre, como se chega a ser sapiente? E este é outro desafio: o desafio do amor. Qual é o assunto mais importante que é preciso aprender na universidade?Qual é o mais importante que se deve aprender na vida? Aprender a amar! E este é o desafio que o dia de hoje vos põe: aprender a amar! Não só acumular informações, sem saber o que fazer delas. É um museu. Mas, através do amor, fazer com que esta informação seja fecunda. Com este objetivo, o Evangelho propõe-nos um caminho sereno, tranquilo: usar as três linguagens, ou seja, a linguagem da mente, a linguagem do coração e a linguagem das mãos. E usar estas três linguagens de forma harmoniosa: aquilo que pensas, isso mesmo sentes e realizas. A tua informação desce ao coração, comove-o e realiza-se. E isto harmoniosamente: pensar o que se sente e o que se faz. Sentir aquilo que penso e faço; fazer o que penso e sinto. As três linguagens. Sois capazes de repetir, em voz alta, as três linguagens?

O verdadeiro amor é amar e deixar-me amar. É mais difícil deixar-me amar do que amar. Por isso é tão difícil chegar ao perfeito amor de Deus, porque podemos amá-Lo, mas o importante é deixar-se amar por Ele. O verdadeiro amor é abrir-se a este amor que nos precede e gera surpresa. Se tudo o que possuís é informação, toda a informação, estais fechados às surpresas; o amor abre-te às surpresas: o amor é sempre uma surpresa, porque pressupõe um diálogo a dois. Entre quem ama e quem é amado. E nós dizemos que Deus é o Deus das surpresas, porque Ele nos amou primeiro e espera-nos com uma surpresa. Deus surpreende-nos... Deixemo-nos surpreender por Deus!E não tenhamos a psicologia do computador: crer que sabe tudo. Isto que quer dizer? Um átimo e o computador dá-te todas as respostas, nenhuma surpresa. No desafio do amor, Deus manifesta-Se com surpresas. Pensemos em São Mateus… Era um bom homem de negócios; mas traía a sua pátria porque recolhia os impostos dos judeus para os dar aos romanos. Enfim, estava cheio de dinheiro e recebia os impostos. Passa Jesus, fixa-o e diz-lhe: «Segue-Me!» Aqueles que estavam com Jesus, dizem: Chama este que é um traidor, um vilão? Ele vive agarrado ao dinheiro... Mas a surpresa de ser amado vence-o e ele segue Jesus. Naquela manhã, quando se despedia da esposa, nunca teria pensado que iria voltar sem dinheiro e com pressa para dizer à sua esposa que preparasse um banquete. O banquete para Aquele que o tinha amado primeiro; que o havia surpreendido com algo mais importante do que todo o dinheiro que ele tinha.

Deixa-te surpreender pelo amor de Deus! Não tenhas medo das surpresas, que te agitam, põem em crise, mas de novo te colocam em caminho. O verdadeiro amor impele-te a gastar a vida, mesmo a risco de ficares com as mãos vazias. Pensemos em São Francisco: deixou tudo, morreu com as mãos vazias, mas com o coração cheio.

Estais de acordo? Não jovens de museu, mas jovens sapientes. Para ser sapientes, usai as três linguagens: pensar bem, sentir bem e fazer bem. E para ser sapientes, deixai-vos surpreender pelo amor de Deus! Ide e gastai a vida!

Obrigado pela tua contribuição de hoje!

Quem veio com um bom programa para nos ajudar a ver que podemos fazer na vida, foi Rikki. Contou todas as atividades, tudo aquilo que fazem, tudo o que querem fazer. Obrigado, Rikki! Obrigado pelo que fazeis, tu e os teus companheiros. Mas, quero fazer-te uma pergunta: Tu e os teus amigos estais comprometidos em dar – dais, dais, dais, ajudais... –, mas deixais também que vos dêem? Responde no teu coração. No Evangelho, que há pouco ouvimos, há uma frase que, para mim, é a mais importante de todas. O Evangelho diz que Jesus fitou o olhar naquele jovem e o amou (cf. Mc 10, 21). Quando alguém vê o grupo de Rikki e os seus companheiros, gosta muito deles porque fazem coisas muito boas, mas a frase mais importante que Jesus diz é: «Falta-te apenas uma coisa» (Mc 10, 21). Cada um de nós ouça em silêncio esta frase de Jesus: «Falta-te apenas uma coisa».

Que me falta? A todos aqueles que Jesus ama muito porque dão muito aos outros, eu pergunto: Deixais vós que os demais vos dêem outras riquezas que vós não tendes? Os saduceus, os doutores da Lei do tempo de Jesus davam muito ao povo, davam a Lei, ensinavam, mas nunca deixaram que o povo lhes desse qualquer coisa. Teve que vir Jesus para Se deixar comover pelo povo. Quantos jovens como vós, que estão aqui, sabem dar, mas não são igualmente capazes de receber!

«Falta-te apenas uma coisa». Isto é o que nos falta: aprender a mendigar daqueles a quem damos. Isto não é fácil de compreender: aprender a mendigar. Aprender a receber da humildade daqueles a quem ajudamos. Aprender a ser evangelizados pelos pobres. As pessoas que ajudamos – pobres, doentes, órfãos… – têm tanto para nos dar. Faço-me mendigo e peço também isto? Ou então sinto-me auto-suficiente e sei apenas dar? Vós que viveis dando sempre e julgais que de nada precisais, sabeis que sois verdadeiramente pobres? Sabeis que tendes uma grande pobreza e precisais de receber? Deixas-te ajudar pelos pobres, pelos doentes e por aqueles que ajudas? Isto é o que ajuda a amadurecer os jovens comprometidos como Rikki no trabalho de dar aos outros: aprender a estender a mão a partir da sua miséria.

Há alguns pontos que eu tinha preparado. O primeiro, que já disse, é aprender a amar e deixar-se amar. É o desafio da integridade moral.

Temos outro desafio, que é cuidar do meio ambiente. Isto não se deve apenas ao facto de que o vosso país, mais do que outros, corre o risco de ser seriamente afetado pelas alterações climáticas.

E, finalmente, há o desafio dos pobres. Amar os pobres. Os vossos Bispos querem que vos preocupeis com os pobres, sobretudo neste «Ano dos pobres». Vós pensais nos pobres? Sentis com os pobres? Fazeis algo pelos pobres? E pedis aos pobres para vos darem aquela sabedoria que eles possuem? Isto é o que eu vos queria dizer. Perdoai-me porque não li quase nada do que tinha preparado. Mas há uma expressão que me consola um pouco: «A realidade é superior à ideia». E a realidade que apresentastes, a realidade que sois é superior a todas as respostas que eu tinha preparado. Obrigado!


Discurso preparado pelo Santo Padre

Como administradores da criação, somos chamados a fazer da Terra um belíssimo jardim para a família humana. Quando destruímos as nossas florestas, devastamos o solo e poluímos os mares, traímos esta nobre vocação.

Há três meses, os vossos bispos abordaram estes temas numa Carta Pastoral profética. Pediram a cada um que refletisse sobre a dimensão moral das nossas atividades e dos nossos estilos de vida, nos nossos consumos e no uso que fazemos dos recursos naturais. Hoje peço-vos que o façais no contexto das vossas vidas e do vosso compromisso em prol da construção do Reino de Cristo. Queridos jovens, o uso e a gestão corretos dos recursos naturais é uma tarefa urgente, para a qual tendes uma importante contribuição a dar. Sois o futuro das Filipinas. Mostrai-vos interessados por tudo o que sucede na vossa belíssima terra.

Outra área, para a qual podeis prestar uma contribuição, é particularmente querida a todos vós: o cuidado dos pobres. Somos cristãos, membros da família de Deus. Cada um de nós – não importa se, individualmente, temos muito ou pouco – é chamado a estender a mão pessoalmente e servir os nossos irmãos e irmãs necessitados. Há sempre alguém perto de nós que está em necessidade: material, psicológica, espiritual. O maior presente que lhe podemos dar é a nossa amizade, a nossa solicitude, a nossa ternura, o nosso amor por Jesus. Recebê-Lo significa receber com Ele tudo; dá-Lo significa dar o maior presente de todos.

Muitos de vós sabem o que significa ser pobre. Mas, muitos de vós terão experimentado também algo da bem-aventurança que Jesus prometeu aos «pobres em espírito» (Mt 5, 3). Gostaria de deixar aqui uma palavra de incentivo e gratidão àqueles de vós que escolheram seguir Nosso Senhor na sua pobreza, através da vocação ao sacerdócio e à vida religiosa; bebendo naquela pobreza, enriquecereis a muitos. A todos vós, porém, especialmente àqueles que podem fazer e dar mais, peço: Por favor, fazei mais! Por favor, dai mais! Quando ofereceis algo do vosso tempo, dos vossos talentos e dos vossos recursos a tantas pessoas carentes que vivem marginalizadas, sois diferentes. É uma diferença de que há uma necessidade desesperada e pela qual sereis abundantemente recompensados pelo Senhor, pois – como Ele disse - «tereis um tesouro no céu» (Mc 10, 21).

Vinte anos atrás, São João Paulo II afirmou, neste mesmo lugar, que o mundo precisa de «um novo tipo de jovem»: um jovem que esteja comprometido com os mais altos ideais e desejoso de construir a civilização do amor. Sede aqueles jovens de que falava São João Paulo II. Não percais os vossos ideais. Sede jubilosas testemunhas do amor de Deus e do plano maravilhoso que Ele tem para nós, para este país e para o mundo em que vivemos. Por favor, rezai por mim. Deus vos abençoe a todos.

Santa Missa junto ao Aeroporto Internacional de Tacloban

Sábado, 17 de Janeiro de 2015

Homilia improvisada do Santo Padre

Ouvimos, na primeira Leitura, que temos um grande sacerdote que é capaz de Se compadecer das nossas fraquezas, pois Ele mesmo foi provado em todas as coisas, exceto no pecado (cf. Heb 4, 15). Jesus é como nós. Jesus viveu como nós. É igual a nós em tudo; em tudo, exceto no pecado, porque Ele não era pecador. Mas, para ser mais igual a nós, revestiu-Se, tomou sobre Si os nossos pecados. Fez-Se pecado (cf. 2 Cor 5, 21): é São Paulo quem no-lo diz e ele conhecia Jesus muito bem. E Jesus sempre nos precede: quando nós passamos através de alguma cruz, Ele já passou antes.

E, se hoje nos encontramos todos nós reunidos aqui, 14 meses depois de ter passado o tufão Yolanda, é porque temos a certeza de que não seremos desiludidos na fé, porque Jesus passou antes. Na sua paixão, tomou sobre Si todos os nossos sofrimentos. E quando – deixai que vos faça uma confidência – quando de Roma vi esta catástrofe, senti que devia vir aqui. Naqueles dias, decidi viajar até aqui. Quis vir estar convosco. Um pouco tarde: dir-me-eis. É verdade, mas estou aqui.

Estou aqui para vos dizer que Jesus é o Senhor, que Jesus não desilude. «Padre – pode dizer-me um de vós -, a mim desiludiu-me porque perdi a casa, perdi a família, perdi aquilo que tinha, estou doente...». É verdade isto que me dizes, e eu respeito os teus sentimentos; mas olho para Ele ali pregado, e dali não nos desilude. Ele foi consagrado Senhor naquele trono, e lá passou por todas as calamidades que nós temos. Jesus é o Senhor! E é o Senhor a partir da Cruz; lá reinou! Por isso, Ele é capaz de compreender-nos, como ouvimos na primeira Leitura: fez-Se em tudo igual a nós. Por isso, temos um Senhor que é capaz de chorar conosco, é capaz de nos acompanhar nos momentos mais difíceis da vida.

Muitos de vós perderam tudo. Eu não sei o que dizer-vos. Mas Ele sim; Ele sabe o que dizer-vos! Muitos de vós perderam parte da família. Eu sei apenas permanecer em silêncio, acompanho-vos com o meu coração em silêncio... Muitos de vós se puseram esta pergunta olhando para Cristo: «Porquê Senhor?». E o Senhor responde a cada um a partir do seu coração. Eu não tenho outras palavras, para vos dizer. Olhemos para Cristo: Ele é o Senhor e Ele compreende-nos, porque passou por todas as provas que nos atingiram.

E, junto d'Ele crucificado, estava a Mãe. Nós somos como a criança que está no chão: nos momentos de aflição, de pena, nos momentos em que não compreendemos nada, nos momentos em que temos vontade de nos rebelar, só nos apetece estender a mão e agarrar-nos ao seu avental e dizer-Lhe: «Mamãe!» Como uma criança que, quando tem medo, diz: «Mamãe!» É talvez a única palavra que pode exprimir o que sentimos nos momentos escuros: «Mãe! Mamãe!».

Façamos, juntos, um momento de silêncio. Olhemos para o Senhor: Ele pode compreender-nos, porque passou por todas estas coisas. E olhemos para a nossa Mãe, e como a criança que está no chão agarremo-nos ao seu avental e, com o coração, digamos-Lhe: «Mãe». Façamos, em silêncio, esta oração; cada um diga-Lhe o que sente. [silêncio]

Não estamos sozinhos, temos uma Mãe. Temos Jesus, nosso irmão mais velho. Não estamos sozinhos. Temos também tantos irmãos que, no momento da catástrofe, vieram ajudar-nos. E também nós nos sentimos mais irmãos, ajudando-nos, porque nos ajudamos uns aos outros.

Isto é tudo o que me ocorre dizer-vos. Perdoai-me se não tenho outras palavras. Mas tende a certeza que Jesus não desilude. Tende a certeza que o amor e a ternura da nossa Mãe não desiludem. E, agarrados a Ela como filhos e com a força que nos dá Jesus, nosso irmão mais velho, vamos para diante. Caminhemos como irmãos. Obrigado.

Depois da Comunhão

Celebramos a paixão, a morte e a ressurreição de Cristo.

Jesus precedeu-nos neste caminho e acompanha-nos sempre que nos reunimos para rezar e celebrar.

Obrigado, Senhor, por estardes conosco hoje. Obrigado, Senhor, por compartilhardes os nossos sofrimentos. Obrigado, Senhor, por nos dardes esperança. Obrigado, Senhor, pela vossa grande misericórdia. Obrigado, Senhor, porque quisestes ser como um de nós. Obrigado, Senhor, porque estais sempre junto de nós, mesmo nos momentos de cruz. Obrigado, Senhor, porque nos dais a esperança. Senhor, que não nos roubem a esperança! Obrigado, Senhor, porque na cruz, no momento mais escuro da vossa vida, Vos lembrastes de nós e nos deixastes uma Mãe. Obrigado, Senhor, por não nos terdes deixado órfãos.


Texto da Homilia preparada pelo Santo Padre

Que belas palavras de consolação acabamos de ouvir! Uma vez mais foi-nos dito que Jesus Cristo é o Filho de Deus, o nosso Salvador, o nosso Sumo Sacerdote que nos oferece misericórdia, graça e apoio em tudo o que precisamos (cf. Heb 4, 14-16). Cura as nossas feridas, perdoa os nossos pecados e chama-nos para sermos seus discípulos, como fez com São Mateus (cf.Mc 2, 14). Louvemo-Lo pelo seu amor, a sua misericórdia e a sua compaixão. Louvemos o nosso grande Deus!

Dou graças ao Senhor Jesus por podermos estar juntos nesta manhã. Vim para estar convosco, nesta cidade que, há catorze meses, foi devastada pelo tufão Yolanda. Trago-vos o amor de um pai, as orações da Igreja inteira, a promessa de que não estais esquecidos enquanto procedeis à reconstrução. Aqui a tempestade mais forte de quantas já registadas no planeta foi vencida pela força mais poderosa do universo: o amor de Deus. Estamos aqui, nesta manhã, para dar testemunho deste amor, do seu poder de transformar morte e destruição em vida e comunidade. A ressurreição de Cristo, que celebramos nesta Missa, é a nossa esperança e uma realidade que experimentamos mesmo agora. E sabemos que a ressurreição só ocorre depois da cruz, aquela cruz que vós carregastes com fé, dignidade e força dada por Deus.

Estamos aqui congregados, antes de mais nada, para rezar por aqueles que morreram, por quantos ainda estão desaparecidos e pelos feridos. Elevemos a Deus as almas dos mortos, as nossas mães, os nossos pais, filhos e filhas, família, amigos e vizinhos. Temos confiança de que eles, tendo chegado à presença de Deus, encontraram misericórdia e paz (cf. Heb4, 16). Mas resta muita tristeza por causa da sua ausência. Para vós que os conhecestes e amastes – e que ainda os amais –, a dor por tê-los perdido é real. Mas, contemplemos o futuro com os olhos da fé. A nossa tristeza é uma semente que um dia desabrochará na alegria que o Senhor prometeu a quantos acreditam nas suas palavras: «Felizes os que choram, porque serão consolados» (Mt 5, 4).

Além disso estamos aqui hoje congregados para dar graças a Deus pelo seu auxílio em tempo de necessidade. Ele foi a nossa força nestes meses verdadeiramente difíceis. Perderam-se tantas vidas, houve tanto sofrimento e destruição. E, no entanto, ainda somos capazes de nos reunir para Lhe agradecer. Sabemos que Deus cuida de nós; sabemos que em Jesus, seu Filho, temos um sumo sacerdote capaz de Se compadecer da nossa dor (cf. Heb 4, 15) e sofrer conosco. A com-paixão de Deus, o seu sofrer juntamente conosco, dá um significado e um valor eternos aos nossos esforços. O vosso desejo de Lhe agradecer por todas as graças e bênçãos, mesmo quando perdestes assim tanto, não é apenas um triunfo da capacidade de recuperação e da força do povo filipino; mas é também um sinal da bondade de Deus, da sua proximidade, da sua ternura, do seu poder salvífico.

Demos graças ao Deus Altíssimo também por tudo o que se fez para ajudar, reconstruir, prestar assistência nestes meses de necessidade sem precedentes. Penso em primeiro lugar naqueles que acolheram e deram guarida ao grande número de famílias deslocadas, aos idosos, à juventude. Como é duro deixar a própria casa e os meios próprios de subsistência! Agradecemos a quantos se ocuparam dos desabrigados, dos órfãos e dos desamparados. Sacerdotes, religiosos e religiosas que deram tudo o que podiam. A quantos de vós deram hospedagem e alimento às pessoas em busca de segurança nas igrejas, conventos, casas paroquiais e continuam a assistir aqueles que estão ainda em dificuldade, eu vos agradeço. Sois uma honra para a Igreja, sois o orgulho da vossa nação. Eu agradeço pessoalmente a cada um de vós, pois tudo o que fizestes pelo último dos irmãos e irmãs de Cristo, foi feito a Ele (cf. Mt 25, 40).

Nesta Missa, queremos também agradecer a Deus pelos bons homens e mulheres que prestaram serviço como operadores de salvamento e socorristas. Agradecemos a Ele pelas inúmeras pessoas de todo o mundo que ofereceram generosamente o seu tempo, dinheiro e bens. Estados, organizações e pessoas individuais de toda a terra colocaram em primeiro lugar os necessitados; trata-se de um exemplo que deveria ser seguido. Peço aos líderes de governo, às agências internacionais, aos benfeitores e às pessoas de boa vontade que não se cansem. Resta ainda tanto por fazer. Embora as primeiras páginas dos noticiários tenham mudado, as necessidades permanecem.

A primeira leitura de hoje, tirada da Carta aos Hebreus, incita-nos a permanecer firmes na nossa confissão, a perseverar na fé, a aproximar-nos com confiança do trono da graça de Deus (cf. Heb 4, 16). Estas palavras ganham uma ressonância especial neste lugar: no meio de tanto sofrimento, não cessastes jamais de confessar a vitória da cruz, o triunfo do amor de Deus. Vistes a força deste amor revelada na generosidade de muitíssimas pessoas, em inúmeros pequenos milagres de bondade. Mas constatastes também, nomeadamente na depredação, nas pilhagens e na falta de respostas a este grande drama humano, tantos trágicos sinais do mal, do qual Cristo nos vem salvar. Rezamos para que isto nos leve a uma maior confiança no poder que tem a graça de Deus de vencer o pecado e o egoísmo. Rezamos de modo particular para que cada um se torne cada vez mais sensível ao grito dos nossos irmãos e irmãs necessitados. Rezamos para que nos leve a rejeitar todas as formas de injustiça e corrupção, que, ao roubar aos pobres, envenenam as próprias raízes da sociedade.

Amados irmãos e irmãs, nesta grande provação sentistes de uma maneira especial a graça de Deus, através da presença e amorosa solicitude da Bem-aventurada Virgem Maria, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. É a nossa mãe. Que Ela vos ajude a perseverar na fé e na esperança e a ir ter com quantos estão necessitados. Com São Lorenzo Ruiz, São Pedro Calungsod e todos os Santos, que Ela continue a implorar de Deus a sua misericórdia e amorosa compaixão para este país e para todos os amados filipinos. Amém.

Encontro com Sacerdotes, Religiosas, Religiosos, Seminaristas e famílias de sobreviventes na Catedral de Palo

Queridos irmãos e irmãs!

Saúdo-vos a todos com grande afeto no Senhor. Sinto-me feliz pelo facto de nos podermos encontrar nesta catedral da Transfiguração do Senhor. Esta casa de oração, a par de muitas outras, foi restaurada graças à notável generosidade de tantas pessoas. Ergue-se como sinal eloquente do imenso esforço de reconstrução, que vós, com os vizinhos, empreendestes depois da devastação causada pelo tufão Yolanda. Mas é também um memorial concreto, para todos nós, de que o nosso Deus atua continuamente, mesmo nos desastres e nas tribulações, fazendo novas todas as coisas.

Muitos de vós sofreram enormemente não só pela destruição causada pelo tufão, mas também pela perda de membros da família e amigos. Hoje confiamos à misericórdia de Deus aqueles que morreram e invocamos a sua consolação e a sua paz para aqueles que ainda choram. Recordamos de maneira especial a quantos de nós, anuviados pelo sofrimento, sentem dificuldade em ver o caminho a seguir. Ao mesmo tempo agradecemos ao Senhor por aqueles que trabalharam nestes meses para retirar os escombros, visitar os doentes e os moribundos, confortar os atribulados e enterrar os mortos. A sua bondade e a ajuda generosa recebida de muitíssimas pessoas de todo o mundo são um sinal real de que Deus nunca nos abandona.

De modo especial quero agradecer aqui a tantos sacerdotes e religiosos que corresponderam, com enorme generosidade, às desesperadas carências das pessoas dos locais mais intensamente atingidos. Através da vossa presença e da vossa caridade, destes testemunho da beleza e verdade do Evangelho. Tornastes presente a Igreja como fonte de esperança, cura, misericórdia. Juntamente com muitíssimos vizinhos, demonstrastes também a profunda fé e a capacidade de renascimento do povo filipino. As inúmeras histórias pessoais de bondade e sacrifício, surgidas daqueles dias escuros, devem ser recordadas e transmitidas às gerações futuras.

Há pouco, benzi o novo Centro para os Pobres, que se destaca como mais um sinal do cuidado e solicitude da Igreja pelos nossos irmãos e irmãs necessitados. E são tantos! Oh como Deus os ama! Hoje, a partir deste lugar que experimentou um sofrimento e uma carência humana tão profundos, peço que se faça mais pelos pobres. Peço sobretudo que os pobres do país inteiro sejam tratados de forma equitativa, que a sua dignidade seja respeitada, que as abordagens políticas e económicas sejam justas e inclusivas, que as oportunidades de emprego e educação sejam desenvolvidas e que sejam removidos os obstáculos na prestação dos serviços sociais. O critério com que tratarmos os pobres será o mesmo com que seremos julgados (cf. Mt 25, 40.45). Peço a todos vós e a quantos são responsáveis pelo bem da sociedade que reafirmem o compromisso com a justiça social e o resgate dos pobres, tanto aqui como em toda a nação filipina.

Por fim, quero deixar uma palavra de sincero agradecimento aos jovens presentes, incluindo os seminaristas e os jovens consagrados. Muitos dentre vós mostraram uma generosidade heroica nas circunstâncias subsequentes ao tufão. Espero que sempre vos deis conta de que a verdadeira felicidade provém de ajudar os outros, oferecendo-nos nós mesmos em sacrifício por eles com misericórdia e compaixão. Então sereis uma força poderosa para a renovação da sociedade, não só na obra de reconstrução dos edifícios, mas também, e muito mais importante, na edificação do Reino de Deus, reino de santidade, justiça e paz na vossa terra natal.

Queridos sacerdotes e consagrados, queridas famílias e amigos, nesta catedral da Transfiguração do Senhor, peçamos que as nossas vidas continuem a ser sustentadas e transfiguradas pela força da sua ressurreição. Confio-vos todos à proteção amorosa de Maria, Mãe da Igreja. Que Ela alcance, para vós e para todos os amados habitantes destas terras, as bênçãos da consolação, da alegria e da paz do Senhor. Deus vos abençoe a todos.

Santa Missa com os Bispos, Sacerdotes, Religiosas e Religiosos na Catedral da Imaculada Conceição em Manila

Sexta-feira, 16 de Janeiro de 2015

«Tu amas-Me?» [as pessoas: «Sim!»] Obrigado; mas eu estava a ler a palavra de Jesus! Diz o Senhor: «Tu amas-Me? (…) Apascenta os meus cordeiros» (Jo 21, 15.16). As palavras de Jesus a Pedro, no Evangelho de hoje, são as primeiras palavras que vos dirijo, amados irmãos bispos e sacerdotes, religiosos e religiosas, e jovens seminaristas. Estas palavras recordam-nos algo de essencial: todo o ministério pastoral nasce do amor. Todo o ministério pastoral nasce do amor! Toda a vida consagrada é um sinal do amor reconciliador de Cristo. Na variedade das nossas vocações, cada um de nós é chamado de alguma forma, como Santa Teresa do Menino Jesus, a ser o amor no coração da Igreja.

Com grande afeto vos saúdo e peço para levardes o meu afeto a todos os vossos irmãos e irmãs idosos e doentes e a todos aqueles que hoje não puderam juntar-se a nós. Com a Igreja nas Filipinas que olha para o quinto centenário da sua evangelização, sentimos gratidão pela herança deixada por tantos bispos, sacerdotes e religiosos das gerações passadas. Eles esforçaram-se não só por pregar o Evangelho e construir a Igreja nesta nação, mas também por forjar uma sociedade inspirada pela mensagem evangélica da caridade, do perdão e da solidariedade ao serviço do bem comum. Hoje vós continuais a mesma obra de amor. Como eles, sois chamados a construir pontes, apascentar o rebanho de Cristo e preparar vigorosos caminhos para o Evangelho na Ásia ao alvorecer duma nova era.

«O amor de Cristo nos absorve completamente» (2 Cor 5, 14). Na primeira leitura de hoje, São Paulo diz-nos que o amor que somos chamados a anunciar é um amor reconciliador, que jorra do coração do Salvador crucificado. Somos chamados a ser «embaixadores em nome de Cristo» (cf. 2 Cor 5, 20). O nosso é um ministério de reconciliação. Proclamamos a Boa-Nova do amor, da misericórdia e da compaixão infinitos de Deus. Proclamamos a alegria do Evangelho. Uma vez que o Evangelho é a promessa da graça de Deus, a única que pode trazer plenitude e cura ao nosso mundo arruinado, ele pode inspirar a construção duma ordem social verdadeiramente justa e redimida.

Ser embaixador de Cristo significa, antes de mais nada, convidar cada pessoa a um renovado encontro com o Senhor Jesus (cf. Evangelii gaudium, 3). O nosso encontro pessoal com Ele. Este convite deve estar no centro da vossa comemoração da evangelização das Filipinas. Mas o Evangelho é também uma exortação à conversão, a um exame da nossa consciência, como indivíduos e como povo. Como justamente ensinaram os vossos bispos, a Igreja nas Filipinas é chamada a individuar e combater as causas da desigualdade e injustiça profundamente enraizadas, que desfeiam o rosto da sociedade filipina, contradizendo claramente o ensinamento de Cristo. O Evangelho chama os indivíduos cristãos a conduzirem vidas honestas, íntegras e solícitas pelo bem comum. Mas chama também as comunidades cristãs a criarem «círculos de integridade», redes de solidariedade que possam impelir a abraçar e transformar a sociedade com o seu testemunho profético.

Os pobres. Os pobres estão no centro do Evangelho, são o coração do Evangelho; se tirarmos os pobres do Evangelho, não podemos compreender plenamente a mensagem de Jesus Cristo. Como embaixadores de Cristo, nós, bispos, sacerdotes e religiosos, devemos ser os primeiros a receber a sua graça reconciliadora nos nossos corações. São Paulo deixa claro o que isto significa; significa rejeitar perspectivas mundanas, olhando tudo de novo à luz de Cristo. Isto comporta que sejamos os primeiros a examinar a nossa consciência, reconhecer os nossos falimentos e quedas e embocar o caminho duma contínua conversão, da conversão diária. Como poderemos proclamar aos outros a novidade e o poder libertador da Cruz, se nós mesmos não permitirmos que a Palavra de Deus abale o comprazimento em nós próprios, o nosso medo de mudar, os nossos comprometimentos mesquinhos com as modalidades deste mundo, o nosso «mundanismo espiritual» (cf. Evangelii gaudium, 93)?

Para nós, sacerdotes e pessoas consagradas, a conversão à novidade do Evangelho implica um encontro diário com o Senhor na oração. Os Santos ensinam-nos que isto é a fonte de todo o zelo apostólico. Para os religiosos, viver a novidade do Evangelho significa encontrar incessantemente na vida da comunidade e nos apostolados da comunidade o incentivo para uma união cada vez mais estreita com o Senhor na caridade perfeita. Para todos nós, isto significa viver de tal forma que espelhemos a pobreza de Cristo, cuja vida estava inteiramente focalizada em fazer a vontade do Pai e servir os outros. Naturalmente, a grande ameaça a isto mesmo é cair num certo materialismo que pode insinuar-se dentro das nossas vidas e comprometer o testemunho que prestamos. Somente o tornar-nos pobres, tornando-nos nós próprios pobres, expulsando o nosso autocomprazimento, permitirá identificar-nos com os últimos dos nossos irmãos e irmãs. Veremos as coisas sob uma nova luz e, deste modo, poderemos responder, com honestidade e integridade, ao desafio de anunciar a radicalidade do Evangelho numa sociedade acostumada à exclusão, à polarização e a uma desigualdade escandalosa.

Aqui desejo dizer uma palavra especial aos jovens sacerdotes, religiosos, e seminaristas presentes. Peço-vos que partilheis a alegria e o entusiasmo do vosso amor por Cristo e pela Igreja com todos, mas sobretudo com os da vossa idade. Mantende-vos presentes no meio dos jovens que possam sentir-se confusos e desanimados, e todavia continuam a ver a Igreja como sua amiga no caminho e uma fonte de esperança.

Sede solidários com aqueles que, vivendo no meio duma sociedade molesta pela pobreza e a corrupção, sentem-se com o espírito abatido, tentados a largar tudo, deixar a escola e viver pela estrada. Proclamai a beleza e a verdade do matrimónio cristão a uma sociedade que é tentada por apresentações confusas da sexualidade, do matrimónio e da família. Como sabeis, estas realidades estão cada vez mais sob ataque de forças poderosas que ameaçam desfigurar o plano criador de Deus e trair os verdadeiros valores que inspiraram e moldaram quanto de belo existe na vossa cultura.

Na realidade, a cultura filipina foi plasmada pela criatividade da fé. Por todo o lado, os filipinos são conhecidos pelo seu amor a Deus, pela sua piedade fervorosa e a sua ardente e cordial devoção a Nossa Senhora e ao seu terço; pelo seu amor a Deus, pela sua piedade fervorosa e a sua ardente e cordial devoção a Nossa Senhora e ao seu terço. Este grande legado contém um forte potencial missionário. É o modo como o vosso povo inculturou o Evangelho e continua a acolher a sua mensagem (cf. Evangelii gaudium, 122). No vosso esforço de preparação para o quinto centenário, construí sobre estas bases sólidas.

Cristo morreu por todos a fim de que, mortos n'Ele, não vivamos mais para nós mesmos, mas para Ele (cf. 2 Cor 5, 15). Amados irmãos bispos, sacerdotes e religiosos, rogo a Maria, Mãe da Igreja, que faça jorrar de todos vós uma tal abundância de zelo, que possais gastar-vos abnegadamente ao serviço dos nossos irmãos e irmãs. Possa, assim, o amor reconciliador de Cristo penetrar ainda mais profundamente no tecido da sociedade filipina e, por vosso intermédio, nos ângulos mais distantes do mundo. Amém.

Encontro com as Famílias no Mall of Asia Arena em Manila

Sexta-feira, 16 de Janeiro de 2015

Queridas famílias,
Queridos amigos em Cristo!

Obrigado pela vossa presença aqui, nesta noite, e pelo testemunho do vosso amor a Jesus e à sua Igreja. Agradeço a D. Reyes, Presidente da Comissão Episcopal para a Família e a Vida, as suas palavras de boas-vindas em vosso nome. De maneira particular, agradeço àqueles que apresentaram o seu testemunho – obrigado! – e partilharam conosco a sua vida de fé. A Igreja nas Filipinas é abençoada pelo apostolado de muitos movimentos que se ocupam da família; agradeço-lhes pelo seu testemunho.

Raramente as Escrituras falam de São José e, quando o fazem, muitas vezes encontramo-lo a repousar, enquanto lhe é revelada em sonho a vontade de Deus. No texto do Evangelho que acabámos de ouvir, encontramos, não uma mas duas vezes, José a repousar. Nesta noite, quero repousar no Senhor com todos vós. Preciso de repousar no Senhor com as famílias, e recordar a minha família: meu pai, minha mãe, meu avô, minha avó… Hoje eu repouso convosco e quero reflectir convosco sobre o dom da família.

Mas, antes, quero dizer algo sobre o sonho. O meu inglês, porém, é tão pobre! Se mo permitis, vou pedir a Mons. Miles que traduza e eu falarei em espanhol. Tenho em muito apreço o sonhar numa família. Toda a mãe e todo o pai sonharam o seu filho durante nove meses. É verdade ou não? [Sim!]. Sonharam como seria aquele filho… Não é possível uma família sem o sonho. Numa família, quando se perde a capacidade de sonhar, os filhos não crescem, o amor não cresce; a vida debilita-se e apaga-se. Por isso, recomendo-vos que à noite, ao fazer o exame de consciência, vos ponhais também esta pergunta: Hoje sonhei com o futuro dos meus filhos? Hoje sonhei com o amor do meu esposo, da minha esposa? Hoje sonhei com os meus pais, os meus avós que fizeram a vida avançar até mim. É muito importante sonhar. Antes de mais nada, numa família, sonhai. Não percais esta capacidade de sonhar.

E, na vida dos cônjuges, quantas dificuldades se resolvem, se conservarmos um espaço para o sonho, se nos detivermos a pensar no cônjuge e sonharmos com a bondade, com as coisas boas que tem. Por isso, é muito importante recuperar o amor através do sonho de cada dia. Nunca deixeis de ser namorados!

O repouso de José revelou-lhe a vontade de Deus. Neste momento de repouso no Senhor, pondo de lado os nossos numerosos deveres e atividades diárias, Deus fala também a nós. Fala-nos na leitura que ouvimos, nas nossas orações e testemunhos e no silêncio do nosso coração. Reflitamos sobre o que nos está a dizer o Senhor, especialmente no Evangelho desta noite. Há três aspectos deste texto que vos peço para considerardes: primeiro, repousar no Senhor; segundo, levantar-se com Jesus e Maria; terceiro, ser voz profética.

Repousar no Senhor. O repouso, apesar de ser necessário para a saúde das nossas mentes e dos nossos corpos, com frequência é muito difícil de conciliar por causa das numerosas exigências que gravam sobre nós. Mas o repouso é essencial também para a nossa saúde espiritual, para podermos ouvir a voz de Deus e compreender aquilo que nos pede. José foi escolhido por Deus para ser pai putativo de Jesus e marido de Maria. Como cristãos, também vós sois chamados, à semelhança de José, a preparar uma casa para Jesus. Preparar uma casa para Jesus. Preparais uma casa para Ele nos vossos corações, nas vossas famílias, nas vossas paróquias e nas vossas comunidades.

Para ouvir e aceitar a chamada de Deus, para construir uma casa para Jesus, deveis ser capazes de repousar no Senhor. Deveis encontrar cada dia o tempo para repousar no Senhor, para rezar. Rezar é repousar no Senhor. Mas poderíeis dizer-me: Santo Padre, isso sabemos nós; eu quero rezar, mas há tanto que fazer! Devo cuidar dos meus filhos; tenho os deveres de casa; estou demasiado cansado até mesmo para dormir bem. É justo. Isto até pode ser verdade; mas, se não rezarmos, nunca conheceremos a coisa mais importante de todas: a vontade de Deus a nosso respeito. Além disso, durante toda a nossa atividade, na multiplicidade das nossas ocupações, com a nossa oração tudo conseguiremos.

Repousar na oração é particularmente importante para as famílias. É, antes de tudo, na família que aprendemos como rezar. Não esqueçais: quando a família reza unida, permanece unida. Isto é importante. Nela chegamos a conhecer Deus, a crescer como homens e mulheres de fé, a considerar-nos como membros da família mais ampla de Deus, a Igreja. Na família, aprendemos a amar, a perdoar, a ser generosos e disponíveis e não fechados e egoístas. Aprendemos a ir além das nossas próprias necessidades, para encontrar outras pessoas e partilhar as nossas vidas com elas. Por isso é tão importante rezar como família. Tão importante! É por isso que as famílias são tão importantes no plano de Deus para a Igreja. Repousar no Senhor é rezar, unidos em família.

Queria ainda dizer-vos algo de pessoal. Amo muito São José, porque é um homem forte e silencioso. Na minha escrivaninha, tenho uma imagem de São José que dorme e, enquanto dorme, cuida da Igreja. Sim! Pode fazê-lo, como sabemos. E, quando tenho um problema, uma dificuldade, escrevo um bilhetinho e meto-o debaixo de São José, para que o sonhe. Este gesto significa: reza por este problema.

Agora vejamos o segundo ponto: levantar-se com Jesus e Maria. Estes momentos preciosos de repouso, duma pausa com o Senhor na oração, talvez gostássemos de poder prolongá-los. Mas, como São José, uma vez que se ouviu a voz de Deus, temos de despertar do nosso sono; devemos levantar-nos e agir (cf. Rm 13, 11). Em família, devemos levantar-nos e agir. A fé não nos tira do mundo, mas insere-nos mais profundamente nele. Isto é muito importante. Devemos caminhar em profundidade no mundo, mas com a força da oração. Na realidade, a cada um de nós cabe um papel especial na preparação da vinda do Reino de Deus ao nosso mundo.

Tal como o dom da Sagrada Família foi confiado a São José, assim também o dom da família e o seu lugar no plano de Deus estão confiados a nós. Como a São José. O dom da Sagrada Família foi confiado a São José, para que o levasse por diante. A cada um de vós – e de nós, porque também eu sou filho duma família – é confiado o plano de Deus, para que seja levado por diante. O Anjo do Senhor revelou a José os perigos que ameaçavam Jesus e Maria, obrigando-os a fugir para o Egito e, em seguida, estabelecer-se em Nazaré. De igual modo, no nosso tempo, Deus chama-nos a reconhecer os perigos que ameaçam as nossas próprias famílias e a protegê-las do mal.

Existem colonizações ideológicas que procuram destruir a família. Não nascem do sonho, da oração, do encontro com Deus, da missão que Deus nos dá. Provêm de fora; por isso, digo que são colonizações. Não percamos a liberdade da missão que Deus nos dá, a missão da família E assim como os nossos povos, num determinado momento da sua história, chegaram à maturidade de dizer «não» a qualquer colonização política, assim também como família devemos ser muito sagazes, muito hábeis, muito fortes, para dizer «não» a qualquer tentativa de colonização ideológica da família. E pedir a intercessão de São José, que é amigo do Anjo, para saber quando podemos dizer «sim» e quando devemos dizer «não».

Hoje os pesos que gravam sobre a vida da família são muitos. Aqui, nas Filipinas, inumeráveis famílias sofrem ainda as consequências das catástrofes naturais. A situação econômica provocou a fragmentação das famílias com a emigração e a busca de um emprego, para além dos problemas financeiros que atormentam muitos lares domésticos. Enquanto muitas pessoas vivem em pobreza extrema, outras caem nas malhas do materialismo e de estilos de vida que abolem a vida familiar e as exigências mais fundamentais da moral cristã. Estas são as colonizações ideológicas. A família está ameaçada também pelos crescentes esforços de alguns em redefinir a própria instituição do matrimônio mediante o relativismo, a cultura do efémero, a falta de abertura à vida.

Penso no Beato Paulo VI. Num período em que se propunha o problema do crescimento demográfico, teve a coragem de defender a abertura à vida na família. Ele conhecia as dificuldades que havia em cada família; por isso, na sua Encíclica, era tão misericordioso com os casos particulares. E pediu aos confessores que fossem muito misericordiosos e compreensivos com os casos particulares. Mas ele olhou mais longe: olhou os povos da terra e viu esta ameaça da destruição da família pela falta de filhos. Paulo VI era corajoso, era um bom pastor e avisou as suas ovelhas a propósito dos lobos que chegavam. Que ele, lá do Céu, nos abençoe nesta tarde!

O nosso mundo tem necessidade de famílias sãs e fortes para superar estas ameaças. As Filipinas precisam de famílias santas e cheias de amor para proteger a beleza e a verdade da família no plano de Deus e servir de apoio e exemplo para as outras famílias. Toda a ameaça à família é uma ameaça à própria sociedade. O futuro da humanidade – como várias vezes disse São João Paulo II– passa através da família (cf. Familiaris consortio, 85). O futuro passa através da família. Por isso, guardai as vossas famílias. Protegei as vossas famílias! Vede nelas o maior tesouro da vossa nação, e alimentai-as sempre com a oração e a graça dos sacramentos. As famílias sempre terão as suas provações, não precisam que lhes junteis mais! Pelo contrário, sede exemplos de amor, perdão e solicitude. Sede santuários de respeito pela vida, proclamando a sacralidade de toda a vida humana desde a concepção até à morte natural. Que grande dom seria isto para a sociedade: cada família cristã viver plenamente a sua nobre vocação! Então, levantai-vos com Jesus e Maria e disponde-vos a percorrer a estrada que o Senhor traça para cada um de vós.

Por fim, o Evangelho que ouvimos recorda-nos que o nosso dever de cristãos é ser vozes proféticas no meio das nossas comunidades. José ouviu a voz do Anjo do Senhor e respondeu à chamada que Deus lhe fez de cuidar de Jesus e Maria. Assim desempenhou ele o seu papel no plano de Deus e tornou-se uma bênção não só para a Sagrada Família, mas também para toda a humanidade. Juntamente com Maria, José serviu de modelo para o menino Jesus que ia crescendo em sabedoria, idade e graça (cf. Lc 2, 52). Quando as famílias permitem às crianças nascer para este nosso mundo, as educam na fé e em sãos valores e as ensinam a dar a sua contribuição para a sociedade, tornam-se uma bênção ao seu redor. As famílias podem tornar-se uma bênção para o mundo. O amor de Deus torna-se presente e ativo a partir do modo como nós amamos e das boas obras que praticamos. Fazemos crescer o Reino de Cristo neste mundo. Ao fazê-lo, mostramo-nos fiéis à missão profética que recebemos no Batismo.

Durante este ano consagrado pelos vossos bispos como Ano dos Pobres, pedir-vos-ia que estivésseis, como família, particularmente atentos à vossa chamada para ser discípulos missionários de Jesus. Isto significa estar prontos para ir além dos limites das vossas casas e cuidar dos irmãos e irmãs mais necessitados. Peço que vos interesseis de modo especial por aqueles que não têm uma família própria, particularmente os idosos e as crianças sem pais. Nunca os deixeis sentir-se isolados, sozinhos e abandonados, mas ajudai-os a saber que Deus não os esqueceu. Hoje, depois da Missa, senti-me profundamente comovido ao visitar aquela casa de crianças sozinhas, sem família. E, na Igreja, quantas pessoas trabalham para que aquela casa seja uma família! Isto significa levar por diante, profeticamente, o significado duma família.

E, no caso de vós próprios serdes pobres em sentido material, sabei que tendes uma abundância de dons a distribuir quando ofereceis Cristo e a comunidade da sua Igreja. Não escondais a vossa fé, não escondais Jesus, mas colocai-O no mundo e oferecei o testemunho da vossa vida familiar.

Queridos amigos em Cristo, sabei que rezo sempre por vós. Rezo pelas famílias; rezo mesmo! Rezo para que o Senhor continue a aprofundar o vosso amor por Ele e que este amor se possa manifestar no vosso amor recíproco e pela Igreja. Não esqueçais Jesus que dorme. Não esqueçais São José que dorme. Jesus dormiu com a proteção de José. Não esqueçais: o repouso da família é a oração. Não esqueçais de rezar pela família. Rezai com frequência e levai os frutos da vossa oração para o mundo, a fim de que todos possam conhecer Jesus Cristo e o seu amor misericordioso. Por favor, «dormi» também por mim: rezai também por mim; preciso verdadeiramente das vossas orações e sempre contarei com elas. Muito obrigado!