Um homem que sabe amar e sabe rir

O Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, recebeu os 250 participantes na Sessão evocativa do Bem-aventurado Josemaría, realizada no dia 15 de junho. O encontro foi organizado pelo Colégio Universitário da Boavista, e esteve presente o ex-presidente da República, Ramalho Eanes.

O Museu de Arte Contemporânea do Porto recebeu os 250 participantes

O Professor Fernando Sena Esteves, da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, introduziu o tema. “Escolhemos um título especial: ‘Um homem que sabe amar e que sabe rir’, que nos permitirá exprimir uma característica muito interessante do Bem-aventurado Josemaría: o seu bom humor. Para expressar o que era no momento em que viu o Opus Dei, dizia: ‘Eu não tinha nada: tinha apenas 26 anos, graça de Deus e bom humor’. Um bom humor que era um sinal de se sentir filho de Deus, e um sinal relevante na vida de quem também teve muito que sofrer”.

A Dra. Fátima Fonseca, professora do ensino médio e mãe de família, esboçou uma biografia do fundador do Opus Dei. “O que dele conheço devo-o fundamentalmente a umas pessoas amigas que, por volta de 1978, por documentos e imagens, me apresentaram Josemaría Escrivá. Descobri que aquele homem era um pai, não de uns poucos, de muitos, e um pai muito especial. Esses anos de amizade profunda foram o meu ponto de partida”. E adiante disse ainda: “Anos depois desse encontro, descobri, com emoção, um papel manuscrito num caderno do meu tempo de universidade. Nele eu tinha anotado «sinto que é necessário que haja alguém como nós, que seja capaz de espalhar aos quatro ventos a boa nova em toda a parte; que viva o Evangelho ao pé da letra, que arraste gente nova, de todos os lugares; alguém que tenha a noção do que realmente importa na vida e de qual o seu sentido». Só que naquela época eu não sabia que esse alguém já existia.”

O General Ramalho Eanes, que foi presidente da República de 1976 a 1986, relacionou o pensamento do Bem-aventurado Josemaría com as bases duradouras de uma sociedade a serviço do homem. Para Ramalho Eanes a consolidação das nações passa pelo ímpeto dos homens que constroem a história. E, quanto a Josemaría Escrivá, “Se não desejasse ele também o impossível, se não fosse insaciável a sua sede de perfeição absoluta, se não quisesse estar com o Pai, bem servindo os homens, como poderia ele — repare-se, a 20 anos do Concílio Vaticano II, estava-se em 1940 — ousar, ou melhor, atrever-se à originalidade desafiante da sua pregação”. Mais adiante acrescentou: “Disse Pessoa: «para ser grande, sê inteiro. Nada teu exagera ou exclui, sê todo em cada coisa, põe quanto és no mínimo que fazes». Versos estes que, em minha opinião, bem se ajustam à personalidade e ação de Mons. Escrivá, que, com a sua humildade e sede de infinita perfeição e de amor, por Deus e pelos homens, quis devolver a paz e a alegria ao mundo”.

António Lobo Xavier, Fernando Pinto Coelho, Humberto Ayres Pereira e António Ramalho Eanes. Durante a sua palestra, Ramalho Eanes citou alguns versos de Fernando Pessoa.

“Não tenho outra autoridade para participar numa sessão deste tipo que não seja a de o ter conhecido pessoalmente — iniciou a sua intervenção António Lobo Xavier, jurista e colaborador na imprensa nacional. Assisti a um destes momentos calorosos, divertidos, comoventes, como eram sempre as suas tertúlias, as suas apresentações públicas. Havia sempre uma mistura de alegria, de calor humano, de simpatia, mas também de comoção, porque as coisas importantes, diretas, ditas daquela forma simples, comoviam-me profundamente”.

Isaac Fernández, diretor do Colégio Universitário da Boavista e organizador da sessão, encerrou a jornada expressando o simbolismo do local: “Este é um local que projeta o pensamento e a ação do Bem-aventurado Josemaría na contemporaneidade. Estivemos aqui, no auditório do Museu de Arte Contemporânea, anunciando a compatibilidade do legado do Bem-aventurado Josemaría com o tempo atual e com os tempos que se anunciam”.