Você estudou Jornalismo na Universidade Pompeu Fabra e agora receberá a ordenação sacerdotal. Nesta nova etapa, seus estudos servirão para algo?

Sem nenhuma dúvida. O ideal que sempre tive como jornalista foi radicalmente transformado e por isso o mantenho vivo: morro de vontade de informar sobre o feito mais transcendental de todos os tempos: a vida de Jesus Cristo.

Para que me entenda: agora continuarei trabalhando de outro modo para uma emissora com 2000 anos de história e com a segurança de que continuará existindo até o dia do Juízo, à tarde, quando finalmente os jornalistas que ali estiverem poderão fechar definitivamente a conexão com um: isto é tudo, encerramos a linha...

Se tivesse que resumir a mensagem cristã em uma frase, qual seria?

Sorria, Deus está te filmando.

Você é doutor em Teologia Moral, com uma tese sobre os modelos de Bioética presentes nos meios de comunicação. Quais foram suas conclusões?

Detectei três tipos de respostas aos problemas bioéticos atuais, que se inspiram no emotivismo, no liberalismo e no utilitarismo. Isto me levou a ver que existem pessoas com vontade de defender um ideal e que Deus é compatível com esse ideal, ao mesmo tempo em que o supera em muito, De fato, nenhuma destas correntes, ainda que sejam parcialmente válidas, esgotam toda a verdade sobre o homem.

Recordo de uma colega de sala de aula que me comentou certa vez: quando era pequena morreu uma amiga minha e desde então, todos os anos, no aniversário de sua morte, vou à igreja e faço uma oração. Então perguntei-lhe: e por que somente neste dia? Às vezes, buscamos a Deus, mas com pés de chumbo, com reservas, como se estivesse com medo de que muito Deus pudesse chegar a ser um estorvo. A mensagem cristã é tão bonita que parece impossível, dá vertigem.

Deus continua sendo notícia hoje, em pleno século XXI?

Às pessoas agnósticas que me perguntassem lhes diria, com palavras de Bento XVI, que, dispostos a arriscar, partiram do pressuposto: Et si Deus daretur? (E se Deus existisse?) Muitas vezes a gente pensa mais além como se fosse uma marca de pênalti: se eu chutar bem, e se não...

Sinceramente, não me agrada executar as coisas para ficar 0-0. Parece-me que é muito mais atrativo sair para ganhar, às vezes, arriscando um pouco porque além disso, os católicos jogam sempre em casa. Se agimos assim teremos o Árbitro a nosso favor e, em caso de emergência, o pênalti… nos será presenteado. Ser católico é jogar uma Copa do Mundo diariamente.