Vida interior. Santidade nas tarefas habituais, santidade nas pequenas coisas, santidade no trabalho profissional, nas ocupações de cada dia...; santidade para santificar os outros. Sonhava certa vez um conhecido meu - nunca acabo de conhecê-lo bem! - que voava num avião a muita altura, mas não dentro... na cabine; ia montado sobre as asas. Pobre infeliz! Como sofria e se angustiava! Parecia que Nosso Senhor lhe dava a entender que assim andam pelas alturas de Deus - inseguras, angustiadas - as almas apostólicas que não têm vida interior ou a descuram; com o perigo constante de cair, sofrendo, incertas.
E penso, efetivamente, que correm um sério perigo de desencaminhar-se aqueles que se lançam à ação - ao ativismo! - e prescindem da oração, do sacrifício e dos meios indispensáveis para conseguir uma sólida piedade: a frequência de Sacramentos, a meditação, o exame de consciência, a leitura espiritual, o trato assíduo com a Virgem Santíssima e com os Anjos da Guarda... Tudo isso contribui, além disso, com uma eficácia insubstituível, para que seja tão amável a jornada do cristão, porque da sua riqueza interior fluem a doçura e a felicidade de Deus, como do favo escorre o mel.
Na intimidade pessoal, na conduta externa; na vida de relação, no trabalho, cada um há de procurar manter-se em contínua presença de Deus, com uma conversação - um diálogo - que não se manifesta por fora; ou melhor, não se expressa geralmente com ruido de palavras, mas terá que notar-se pelo empenho e pela amistosa diligência com que procuraremos acabar bem as tarefas, tanto as importantes como as mais comuns. (Amigos de Deus, 18-19)